quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CAPÍTULO 3

Lucila adora seu trabalho em um badalado escritório de arquitetura. O ambiente não poderia ser melhor e sua carreira ia bem. Cada vez pega projetos mais importantes. Bardot, a dona, aposta em Lucila como a grande revelação da sua empresa. Os clientes a adoram e sempre a elogiam para Bardot, que orgulhosa, cuida de seus funcionários como uma grande mãe. Ou uma grande tia coruja e engraçada.

O que Bardot tem de bom gosto para seus projetos, tem de mau gosto para suas roupas e acessórios espalhafatosos que vão desde bandanas de cetim estampado à sapatos coloridos que nunca combinam com o restante. Apesar desse seu jeito, era uma empresária de sucesso. Começou como recepcionista em uma empresa de decoração de interiores, fez faculdade, se dividiu entre o estágio e a recepção, até que foi contratada como assistente. Aos poucos conseguiu fazer diversos outros cursos, inclusive fora do país. Paralelamente ao escritório, começou a fazer projetos por conta própria. Primeiro para amigos e depois para os amigos dos amigos. Assim, junto com seu amigo Luis Antônio, abriu sua própria empresa.
Depois de sete anos como sócios, a empresa ia de vento em popa e Bardot e Luis Antônio não tinham tempo para mais nada além do trabalho. Foi quando Bardot resolveu parar. Já tinha 40 anos e decidiu repensar sua vida. Passou um tempo viajando, estudou história da arte, filosofia e depois de tudo isso percebeu que precisava retomar o que pra ela realmente fazia sentido: seu trabalho.

Aos 50 anos, Bardot é dona de um pequeno escritório de arquitetura que tem como objetivo trabalhar com uma seleta e limitada carteira de clientes. O lema não é quantidade e sim qualidade. E é claro, somente com os clientes mais “parrudos”. Bardot é o xodó das socialites cariocas, mas não gosta de badalação e nem de bajulação. Faz seu trabalho com absoluto profissionalismo e talvez até com certa dose de dureza. Talvez por isso seja tão respeitada.

Junto com Lucila trabalham três mulheres e cinco homens, aliás, cinco gays. O escritório fervilha a purpurina e bom humor. Exceto em relação à Clô, a secretária de Bardot, que consegue reunir em uma única pessoa características como mau humor, pessimismo e o fato de ser uma incontrolável hipocondríaca. Clô apesar de tudo isso, é vista como uma personagem exótica da empresa. Todos aprenderam a não dar muita importância as suas rabugices e paranóias em relação a sua saúde. Todos os dias aparece com uma doença diferente, faltando com freqüência alegando consultas em seu cardiologista, fisioterapeuta, pneumologista, alergista e uma lista infindável de profissionais de que se tornou totalmente dependente.
Quem sofre com as ausências de Clô é Carla, que freqüentemente precisa se desdobrar na sua e na função de Clô para colocar o escritório em ordem.

Marcos, Flavinho e Tadeu completavam o time. Tornaram-se bons amigos de Lucila, que agora era figurinha fácil na noite simpatizante GLS do Rio de Janeiro. Apesar da desconfiança de que não seria ali que conheceria o homem da sua vida, sair com este trio era diversão garantida. E era com eles, Carla e mais um grupo de amigos que ela ira iria viajar no réveillon, sob a promessa de que a festa não seria só de gays.

Depois de rodar por várias lojinhas e não encontrar o que queria, Lucila foi encontrar Bruna na saída da sua aula de feng shui para um café e um papinho a mais. Talvez Bruna conseguisse ajudar na compra do seu modelito de Ano Novo. Mas na verdade, o vestido foi o último assunto que elas colocaram em pauta. Bruna tinha uma bomba nas mãos e precisava desesperadamente da ajuda de Lucila.

2 comentários:

  1. De vento em polpa???? rsrsrrsrs

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  2. Eita..e Minha maezinha já tinha me mostrado pra corrigir...rsrsrs. Agora foi! Bjs

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