quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CAPÍTULO 8

CAP 8

Lucila estava tensa. Sabia que Bruna perdoaria até um caso de Juca, mas nunca uma tramóia que prejudica a população do Rio. Bruna era politicamente correta, certinha, a pessoa mais honesta que Lucila conhecia.
Particularmente Lucila tinha um pé atrás com Malu, a assistente de Juca, mas não podia afirmar que eles tinham algo mais além de serem cúmplices nos golpes com o governo.

Lucila já não sabia mais onde procurá-la. Tinha ligado pros pais de Bruna, pra Ana, pras amigas da academia. Ninguém sabia dela. O celular sempre desligado. Lucila estava muito preocupada. Foi quando teve uma idéia. Já era quase meia-noite, mas mesmo assim resolveu ligar.

- Alô? Rafael? Oi Rafa, é Lucila. Desculpa te ligar esta hora, não ligaria se não fosse importante. Você estava dormindo?

Depois de alguns segundos de silêncio, respondeu com uma voz meio desconfiada:
- Oi Lucila. Não estava dormindo, infelizmente. Ainda estou trabalhando. Tenho uma audiência importante em dois dias, precisava adiantar algumas coisas. Mas o que houve? Está tudo bem? Você parece nervosa?

- Ahhh e estou. Aconteceram muitas coisas nas últimas 24 horas envolvendo a Bruna. Preciso de sua ajuda.

- A Bruna? Ela está bem?

- Rafa, espero que sim. Mas não dá pra explicar por telefone. Posso ir até ai?


- Não. É tarde. Já estou de saída. Eu passo aí. Em vinte minutos eu chego. Tudo bem?

- Tudo ótimo. Ainda sabe o caminho?

- Nunca esqueci.


Vinte minutos depois, Rafael estava na casa de Lucila. Apesar da situação tensa, Lucila se preocupou mais do que deveria com sua aparência. Retocou a maquiagem, calçou e descalçou sandálias até que decidiu ficar descalça. Arrumou as almofadas e borrifou colônia.
Tinha sido uma decisão difícil pedir ajuda ao Rafa. Mesmo sabendo que ele ajudaria com boa vontade. Aliás, talvez por saber disso, Lucila ficou apreensiva. Eles não se viam há muito tempo. Certamente há mais de dois anos nem se esbarravam. A última vez que realmente estiveram juntos foi quando foram padrinhos do casamento de Bruna e Juca.

Rafa e Lucila namoraram por muitos anos, com muitos términos, idas e vindas. Sempre que acabava Lucila jurava que seria pra sempre. Mas era só encontrar-se com Rafa por acaso, que os dois já ficavam juntos novamente. Rafa era o tipo do cara que fazia sucesso com suas amigas. Ele era divertido, comunicativo, além de ser muito bonito. Mas o que tinha de divertido, tinha de galinha. Não conseguia se manter longe de armações com outras mulheres, mentia com uma facilidade incrível e sem nunca perder o charme. Eles terminaram de vez na festa de casamento de Bruna e Juca. Quando Rafa se superou.

Que Rafa era infiel, era impossível desmentir, mas ninguém podia imaginar tamanha cara de pau. Simplesmente Rafa estava saindo com uma das madrinhas de Juca. Uma prima de Brasília, que ele furtava beijos atrás de pilastras ou no banheiro masculino. Tudo isso ali, com Lucila há poucos metros e comemorando o dia mais feliz da vida de uma de suas grandes amigas, e já sonhando no momento do buquê. Durante toda a festa Rafa dava suas escapadinhas, até que para azar dele, foi flagrado por Ana.
Sem nenhuma dúvida, Ana correu pra contar o que viu à amiga. Na hora que conversavam, André, namorado de Ana, confessou já ter visto ele com a menina em outros momentos da festa. Lucila não podia acreditar. Ele realmente chegara a um ponto inacreditável, imperdoável.

Desta vez, diferente das outras, Lucila não gritou, não se defendeu, nem mesmo justificou o motivo do término. Simplesmente falou:
- Acabou. É pra valer. Eu não quero ser nem sua amiga. Por favor, nunca mais me
procure.


Rafael tentou se defender. Falava em vão, Lucila não ouvia nada. Ela não estava chorando, nem lamentando. Era uma tristeza pior, mais profunda. Era a certeza de que tantos anos de relacionamento não mudaram em nada Rafael. “Ninguém Muda”- pensava agora com toda certeza do mundo.

Depois deste dia, Rafael ainda tentou falar com ela algumas vezes, mas também desistiu. Eles se cruzaram poucas vezes em aniversários de amigos em comum, ou na noite do Rio. Sempre sem mais do que se cumprimentar, de preferência de longe. Era estranho, mas tinha que ser assim. Lucila sabia que não podia ficar perto de Rafael, que com o tempo iria minimizar todos seus erros, e acabar cedendo a seus encantos, como sempre.

E agora ela mesma tinha ligado pra ele. Não tinha alternativa. Nenhum outro advogado que conhecia poderia entender essa história maluca e ainda assim ser discreto.

Além disso, ele conhecia Bruna e Juca muito bem. Talvez ainda tivesse laços com o casal, Lucila não saberia. Ela mesma havia pedido pra não saber notícias de Rafa. Certamente Bruna não contaria se ainda tivesse contato com Rafael.

Lucila estava nervosa em revê-lo. Não queria. Ou queria? Não interessava agora. Pensava que tinha feito a coisa certa. Tinha que pensar primeiro em Bruna.

Então, a campainha tocou.

6 comentários:

  1. Sério, se eu não conheço o Rafa, eu conheço alguém muito parecido com ele.... risos

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  2. Hahahahaha. Tenho que concordar com a Livia, este Rafa parece com alguém que eu conheço....

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  3. Meninas, toda mulher já conheceu um RAFA...rsrsrsrs

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  4. Acabo de ser apresentada ao blog e devorei os outros capitulos para estar "por dentro"....ai esses Rafas que vão e vem com facilidade...que desculpinha para chamar um advogado..Advogado procura amiga desaparecida? Sensacional

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  5. SO TENHO QUE AGRADECER POR TER UMA MULHER TAO MARAVILHOSA DO MEU LADO...

    PARABÉNS !!!!! TE AMO !

    BEIJO

    TINO MOURA

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  6. Parabéns!!!!
    Estou adorando...
    E não vejo a hora de ler os próximos capítulos.

    Abraços,
    Daci - S.Paulo (amiga da Claudinha).

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