O prédio não era imponente como era de se esperar. Na verdade, era bem mais simples do que o tamanho da empresa pedia. Isso não impediu Bruna em pensar que tudo aquilo pertencia a um homem sem nenhum caráter.
As duas pegaram crachás, mas é claro, sem necessidade de serem anunciadas. Todos os funcionários sabiam que Bruna era a primeira dama da JAEH. Pegaram o elevador até o décimo quinto andar, onde seguiram por um corredor até a recepção. A recepcionista sorriu pra Bruna e disse que seu marido estava na sala. Bruna não respondeu e decidida marchou até a sala de Juca.
Pra surpresa das duas, quem estava em pé ao lado da cadeira de Juca, era a tal assistente Manoela. Manú, como ela gostava de se apresentar. Os dois olhavam alguma coisa na tela do computador. O clima de cumplicidade era indiscutível e ressaltava a intimidade que um tinha com o outro.
Bruna parou por um instante para observar a cena. Lucila ficou logo atrás. Não demorou muito para que Juca as notasse na porta. Levantando da cadeira de pressa, quase deu um empurrão em Manú. Ele sorriu e abriu os braços em direção de Bruna
- Meu amor! Que surpresa maravilhosa! Lucila, que bom te ver!
Bruna se esquivou e entrou na sala. Quando Manú, com um falso ar tímido falou:
- Bom vou deixar vocês a sós. Com licença.
Com a mão estendida, Bruna a parou e disse:
- Você fica! – olhando pra porta fez sinal com a cabeça para que Lucila entrasse.
Lucila entrou e fechou a porta atrás dela. Ficaram os quatro na sala de pé. Juca fazia cara de interrogação, enquanto Manú procurava uma posição em cima do salto alto. Bruna andava de um lado pra outro, como se procurasse as melhores palavras. Mas não havia boas palavras nesse momento. Então olhou pra Juca e quase chorando disse:
- Juca, ao longo da minha vida, já havia conhecido muitos canalhas. Homens fracos, idiotas, mentirosos. Passei por cima de todas essas decepções acreditando que iria encontrar um homem correto, que me fizesse feliz. E eu achei que tinha encontrado. Aliás, todo mundo achou que eu era uma garota de muita sorte. – Bruna estava ficando vermelha, como se a raiva subisse pelo seu pescoço. – Mas eu não tive sorte nenhuma. Tudo que eu acreditava era um sonho. Ou seria um pesadelo?
Com os olhos arregalados, já suando, Juca balbuciou:
- Bruninha, do que você está falando, meu amor?
- Meu amor? Que amor Juca? Quem ama não mente, não esconde, não finge ser o que não é! Quem ama não engana desta maneira! Você é mau caráter, um canalha, um asqueroso que consegui se passar por um homem bom. Me enganou. Eu cai que nem um patinho! Todo esse tempo! Meu Deus! Mudei minha vida em função de um homem que é um blefe.
- Bruna...eu....não sei... – tentou mais uma vez, Juca.
Mas Bruna imediatamente o cortou:
- Cala a boca, Juca! Não tenta falar nada! Vai ser pior! Eu sei de tudo. Sei de tudo que você e essa mulherzinha aí andam aprontando. Nunca imaginei, juro! Mas já era! A farsa acabou e eu quero divórcio. E quero agora!
- Bruna, não se precipite, eu posso explicar. Não sei como você ficou sabendo, mas tudo tem uma explicação. Fiz algumas besteiras! Foi um erro! Me deixe pelo menos tentar explicar, meu amor. Eu te amo! Só você que eu amo!Não posso te perder.
Manú, que acompanhava tudo atenta, não parecia nervosa. Em alguns momentos até podia-se pensar que ela estava gostando do que via. Porém ao ouvir de Juca que ele tinha cometido um erro, ela arregalou as sobrancelhas e fechou a cara.
Lucila se escorava na porta, preocupada com as veias que saltavam no rosto da amiga, que agora gritava:
- Não fala mais nada Juca! Eu sei que você é um nojento! Um mentiroso! Como eu pude dormir ao lado de um homem sem ética como você? - Bruna precisou se apoiar em uma estante para continuar – Você me enganou! Mas o pior é que eu sou a menos prejudicada dessa história.
Juca se sentou. Apoiando a cabeça com as mãos parecia que o mundo caía sobre a sua cabeça. Bruna não se conteve apesar da insuportável dor de cabeça que sentia. Falando mais pausadamente e olhando fixamente pro marido, continuou:
- Você pode imaginar quantas pessoas morreram por sua causa? Quantas pessoas têm seqüelas graves por falta de tratamento adequado? Quantas famílias foram destruídas? Não! Você não pensa nisso. Você só pensa no dinheiro. Em fazer a empresa crescer, fazer cada vez mais contratos obscuros. Quantos contratos com o governo? Um atrás do outro, não é? Todos de fachada. Vendia equipamentos hospitalares superfaturados e ainda assim não os entregava. Milhões de dólares em falcatruas. Quantos colarinhos brancos você sustenta, Juca?
Bruna se mostrava cansada, a cada minuto fazia mais força pra falar. Mas precisava terminar:
- É Juca . E você ainda posa de empresário preocupado, lançando projetos de sustentabilidade e de apoio à pesquisas da universidade. Que palhaçada! E essa vadia? Assistente de um merda! Está aprendendo direitinho a ser corrupta, hein? Parabéns!
Lucila passou mão na cintura de Bruna e sussurrou:
- Chega Bruna, vamos embora.
Bruna não reagiu, olhou mais uma vez pros dois e disse:
- Vou mandar pegar minhas coisas. Meu advogado vai te procurar. E não se preocupe, pois eu não quero um tostão deste dinheiro imundo.
Lucila a puxou e as duas saíram do escritório.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
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Já sei! No próximo capítulo a Manu e o Juca vão respirar aliviados porque a Bruna não descobriu o casinho deles! hehehe Adorei essa virada, Babi! Quero mais, quero mais!
ResponderExcluirBjs,
Mari
Que drible vc me deu ! Adorei..
ResponderExcluirBjs
Pitoco
Sério??? Juro que essa eu não esperava!!! AMEI!!! Nossa... quero muito saber o que mais vai acontecer... (A Lucila coitada, será que vai conseguir comprar o tão desejado vestido de reveillon???)
ResponderExcluirBeijus