segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

CAPÍTULO 11

A semana terminou e nenhuma notícia de Bruna. Rafa e Lucila se falavam diariamente, mas tanto um quanto o outro não tinham nenhuma nova pista, o que levava sempre a conversa para outro rumo até que um dos dois se dava conta e retomava o assunto sobre Bruna. Lucila gostava de falar com ele, e se via frustrada quando ele não ligava. Não percebia muito bem que aos poucos os dois já riam das velhas piadas, se tratavam com carinho e era cada vez mais difícil terminar as ligações. Mas era só um momento bom do dia, nenhum dos dois valorizava ou esperava mais do que aquilo. Bruna tinha virado uma boa desculpa para que eles pudessem ter aquele papo tão fácil, que fluía tão bem.

Lucila estava a mil com seu novo projeto e com os últimos preparativos para sua viagem para Angra. Faltando menos de uma semana para o réveillon e nada de vestido, ela precisou montar um esquadrão da moda pra ajudá-la nesta missão. Partiu para o shopping munida dos purpurinados Marcos, Flávio e Tadeu, os melhores personal stylist que uma mulher poderia ter. Partiram em busca do vestido vermelho.
As vésperas do Natal, o shopping parecia um formigueiro, mas isso não desencorajou o time. Lucila tinha a crença de que a cor e a qualidade do vestido determinariam o sucesso do seu amor no ano novo. Entraram e saíram de lojas, Lucila experimentou diversos modelos até que achou o que estava procurando. Gritinhos de seus amigos comemoraram o sucesso da missão.

Estavam todos animados com a idéia de tirar uns dias de folga. Com o projeto da joalheria todos ficaram atolados de trabalho, precisavam realmente de uns dias de folga. Lucila também estava feliz com a idéia, mas nem tanto como deveria. Tadeu com sua língua afiada, alfinetou:
- Será que onde Rafa estará no fim do ano o celular pega? Afinal vocês precisam se falar caso algo novo aconteça no capítulo Bruna – com um sorrisinho malicioso olhou de lado pros amigos.

Lucila havia contato a eles sobre o sumiço de Bruna, mas conseguiu se controlar sobre a parte dos documentos e da possibilidade da denúncia. Apenas comentou que pediu ajuda ao Rafa para encontrar a amiga. Desde então, Tadeu, Marcos, Flavinho e Carla presenciavam diariamente a mesma cena: Lucila em um canto do escritório falando baixinho ao telefone e soltando alguns sorrisinhos. Mas ela não tinha consciência disso, então respondeu sem perceber o sarcasmo do amigo:
- Nossa! Não tinha pensado nisso! Meu Deus e se Bruna tentar falar comigo também? Lá o celular pega, não pega? Tenho que avisar isso ao Rafa.

Flavio, Tadeu e Marcos começaram a rir do desespero da amiga e principalmente da enorme bandeira que ela estava dando. Preocupada com uma emergência? Sério?
Imediatamente Lucila negou qualquer possibilidade de ter algo novamente com Rafa. Repetiu que a história deles já teria acabado, blá, blá, blá. Tentava ser convincente, mas nem ela estava totalmente certa disso.

Com o vestido nas mãos, o quarteto voltou ao escritório. No caminho falavam sobre a viagem. Lucila queria saber se haveriam heterossexuais na casa onde eles ficariam. Ela sabia que pelo menos Carla estava encarregada de levar alguns rapazes. Ela levaria os primos e dois amigos. Já a ala gay da casa também estava confirmada: o casal Flavio e Tadeu, Marcos e alguns amigos.

Lucila e Carla estavam apostando em desencalhar neste réveillon. Desde o início do mês Carla já tinha seu vestido, biquínis e todo o enxoval para Angra.

Carla trabalhava a pouco tempo no escritório, mas rapidamente entrou para o grupo. Era animada e topava qualquer programa, desde que este oferecesse uma oportunidade mesmo que remota de conhecer alguém pra namorar. Carla sofria com a sua solterisse. E aos 28 anos se achava velha demais pra não ter um namorado. Essa ansiedade a atrapalhava sempre. Qualquer homem que ela conhecia era atropelado por tantas expectativas e tanto medo de desagradar, que acabava desagradando.

Os quatro chegaram ao escritório e logo encontraram Carla. Ela não pode ir almoçar com eles, pois mais uma vez Clô não havia aparecido, pois estava com alguma de suas doenças. Carla sempre precisava ficar em seu lugar. Logo que o grupo chegou, ela falou:
- E aí crianças? Missão cumprida?

Sem a menor discrição, Tadeu foi logo respondendo:
- Claro, né? A gente aqui não brinca em serviço. Lucila estará MA-RA-VI-LHO-SA neste réveillon. Você que se cuide. – rindo, abraçou Carla que já ensaiava uma cara de preocupação.

Lucila estava indo em direção ao banheiro quando, Carla a chamou de volta:
- Lucila! Lú! Aonde você vai??? Já viu o que está na sua mesa?

Ela não tinha visto o enorme arranjo de flores do campo sobre a mesa. Era uma cesta branca em vime com um pequeno laço de fitas. Não era exatamente elegante, mas eram flores. E flores sempre são flores. Correu para procurar o cartão que estava escondido entre as flores e o papel. Abriu nervosa pensando nas possibilidades, que não eram muitas. Respirando fundo, leu o cartão:

Brincar de detetive neste fim de ano me fez descobri bem mais do que eu esperava.
Feliz ano novo!
Beijo,
Rafa
PS: viajo hoje para a Bahia. Celular ligado.



Lucila tinha que admitir pra si mesma que nenhum outro nome lhe veio a cabeça quando tentava adivinhar quem havia lhe mandado aquelas flores. Se viu nervosa, confusa. Na hora fez força pra lembrar tudo que Rafa tinha a feito passar enquanto namoraram. Nada parecia tão grave naquele momento.

A sua volta a platéia aguardava a confirmação de que as flores eram mesmo de Rafa. Sem dizer nada Lucila entregou o cartão para Tadeu, que leu para os demais. Suspiros no ar e palminhas aninmadas. Até que Carla a fitou e disse:
- É bem dele mesmo, né? Vai pegar geral em Salvador, mas quer logo deixar uma otária garantida pra volta.

Por mais grosseira que fosse a afirmação, era muito verdadeira. Lucila reconhecia que Rafa sabia usar muito bem as palavras e as ferramentas certas pra seduzir uma mulher. Ainda mais ela, que ele conhecia como a palma da sua mão.

Fazendo sinal para que todos a deixassem trabalhar, Lucila tentou se concentrar em seu projeto. Quando estava finalmente entretida no trabalho, do nada se lembrou de que a Dra Renata havia comentado que Bruna teria uma ultra no dia seguinte. Era a chance delas se encontrarem. Quase instintivamente pegou o telefone e começou a discar o número de Rafa. Foi quando olhou para as flores e desligou correndo.

Lucila iria resolver isso sozinha.

3 comentários:

  1. Que bom que tem novo capítulo...
    Bjs MH

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  2. Aaaahhhhh
    Quero ler tudo! Tenho um vício sério com livros (do tipo 'pego pra ler de manhã e só largo no dia seguinte, quando terminar') que me agradam. Preciso dizer que a novela-online tá me dando nos nervos igual? Hahahahahaha! =P
    Beijoooo

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  3. Eu conheço muuuuuito uma Carla... hahahahha

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