quinta-feira, 9 de abril de 2009

CAPÍTULO 25

Saindo da JAEH, Ana convidou Lucila e Rafa pra irem tomar um chope junto com André, seu noivo. Os dois aceitaram e Lucila vibrou com o encontro de casais. Ela era de novo uma mulher acompanhada, que podia aceitar um convite de um casal de amigos sem nenhum constrangimento.

Ana então ligou pra André e marcaram de se encontrar em um boteco no Leblon. Chegaram quase na mesma hora que André. Lucila desfilava feliz da vida de mãos dadas com Rafa. Diferente de outras vezes, mal reparava na enorme quantidade de casais felizes que no passado cismavam em afrontá-la. Agora ela era um casal feliz e desafiava com ar superior as mesas repletas de mulheres solteiras.

Pra confirmar o eterno camaradismo masculino, André e Rafa se abraçaram como velhos amigos. Batidas fortes nas costas, aperto de mão e todos os gestos de celebração masculina foram cumpridos. Lucila sorria vendo a cena. Ana a observava com cautela. Temia pela amiga, mas na verdade acreditava na mudança de Rafa.

Os quatro se sentaram e pediram as bebidas. Rafa comandava os pedidos com a gentileza de sempre perguntar o que Lucila queria. Entre uma conversa e outra, um beijo, um carinho. Era um lindo casal apaixonado.

A noite passou em perfeita harmonia. Lucila havia se esquecido que Ana e André eram uma excelente companhia. Em sua vida de solteira, os programas raramente eram os mesmos e ela e Ana ficavam muito tempo sem se ver. Encontrar o casal então, só era possível nas raras ocasiões que Lucila tinha um pretendente. André já estava acostumado a ser apresentado aos “amigos” de Lucila que depois desapareciam.

Depois de uma noitada gostosa. Pagaram a conta e se despediram. Lucila e Rafa voltaram para a casa de Lucila, onde com certeza, o romance continuaria.



Logo depois que Lucila, Ana e Rafa saíram da JAEH, Manú voltou pra sala de Juca. Ela estava calada, quieta, bem diferente do comportamento habitual.
Apesar de estar exausto, Juca reparou que a assistente estava estranha e perguntou:
- Manú, o que você tem?

Manú olhou pra Juca e por um tempo parecia pensar em sua resposta. Toda energia que ela sempre tinha, agora se perdia em um semblante de extrema angústia.

Juca a observava curioso. Nunca tinha a visto daquele jeito. Pode perceber que por baixo de toda aquela roupa exageradamente sexy e da maquiagem pesada, havia uma mulher de traços até elegantes. Ele pensou o quanto ela perdia em se comportar de maneira tão agressiva e se perguntava por que em todos estes anos nunca percebeu que tinha muito mais do que uma funcionária eficiente e de sua confiança. Ele tinha uma amiga sincera e companheira que foi a grande responsável por lhe alertar sobre a grande bomba que estava prestes a estourar em sua vida amorosa e profissional. Juca sorriu para Manú e notando sua angústia, insistiu:
- O que houve Manú? Pode falar. O que está te angustiando?

Manú sorriu amarelo e se sentou em frente ao chefe. Olhou de novo pra ele e pareceu que procurava palavras. Então com a voz baixa e calma, que não fazia parte do seu temperamento, falou:
- Eu quero muito te ajudar a reconstruir a JAEH, Juca. Uma das coisas que mais quero é ver todos os envolvidos nessa sujeira presos e nossa empresa de pé novamente. Mas eu não posso. Eu não consigo mais.

Juca procurou entender, mas nada que passava na sua cabeça era uma justificativa aceitável. Manú percebeu que ele não tinha a entendido, então com um tom bem mais próximo do seu normal disse:
- Juca eu sou apaixonada por você.

Juca se encostou na cadeira. Assustado, sem saber o que dizer. Chegou abrir a boca, mas nenhuma frase lhe veio.
Manú se levantou. Sentia vergonha. Queria sumir. Nem ela acreditava que tinha feito isso. Mas não tinha força pra desmentir, pra voltar atrás. Se afastando da mesa, andou em direção a porta. Antes de sair ainda disse:
- Você não precisa dizer nada. Eu sei que não sou correspondida. Por anos eu consegui conviver com isso. Mas agora não consigo mais. Me desculpe.

Manú saiu da sala e Juca ficou paralisado olhando para a porta. Seu amor por Bruna o tinha cegado para qualquer pista que Manú lhe desse sobre seus sentimentos. E agora não havia mais Bruna, mas ele também não tinha mais um coração. Não queria saber de amor. Estava sofrendo de amor. E descobriu que não era o único.

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