sexta-feira, 24 de abril de 2009

CAPÍTULO 29

Era inegável! Suas melhores transas tinham sido com Rafa. Não pela performance em si, mas pelo sabor do inesperado. Rafa era ótimo em surpresas. Quando se menos esperava, lá estava ele cheio de vontade. E nos lugares mais improváveis. Lucila tinha apagado isso da sua cabeça. Mas depois da sua visita ao escritório de Rafa, era impossível esquecer. Ela adorava isso nele. Esse eterno tesão, parecia um adolescente.

Claro que nem sempre foi assim. Havia períodos enquanto namoravam que ele se distanciava. Era um indício de que havia algo acontecendo. Era como se o tratamento que Rafa dispensava a Lucila passasse de namorado apaixonado a irmão dedicado. O carinho continuava, mas de uma forma diferente. A relação se tornava quase fraternal.

Agora Lucila não pensava no passado. Ou pelo menos tentava não pensar. Focava no que ele tinha de melhor. E realmente tudo estava indo muito bem. Ele realmente estava mudado e parecia disposto a fazê-la feliz.

Faltavam apenas alguns dias pro casamento de Ana e André quando eles convidaram Lucila e Rafa para jantar. Rafa se dava muito bem com André, o que deixava as meninas muito felizes. Sempre sonharam em terem pares que fossem amigos. E a última tentativa de Lucila, quando ela ficou com Rodolfo, um amigo de André, não tinha dado nada certo. Mas agora tudo ia bem. Tão bem que no meio do jantar Ana fez uma pausa na conversa batendo o talher no copo e pediu a atenção formal do casal:
- Eu tenho duas perguntas pra vocês. Na verdade, nós temos. Não é amor? – André balançou a cabeça dizendo que sim - A segunda pergunta é condicionada a resposta da primeira.

Lucila riu com a enrolação de Ana. E interrompeu:
- Anda Ana, pergunta logo! O que você quer saber?

Ana riu também e levantou as mãos pedindo calma:
- Bom o que eu quero saber. Aliás, nós queremos saber, é... – olhou pra Rafa e perguntou – Vocês estão namorando de novo?

Lucila tremeu. Não consegui disfarçar. Não sabia o que fazer. Então riu. E foi muito pior, pois saiu uma gargalhada debochada de bruxa louca que chamou atenção de todo o restaurante. Quando notou o efeito da sua reação, enrubesceu e se calou. Então Rafa disse olhando para Lucila:
- Bom eu tinha a resposta na ponta da língua, mas não sei muito bem o que a Lú pensa. Depois dessa gargalhada, estou com medo de levar um fora. – o tom era de brincadeira, mas também tinha o objetivo de entender se ele podia ou não prosseguir na sua resposta.

Lucila sorriu. Aliviada, sentiu que suas bochechas esfriavam. Então se virou pra Rafa e disse:
- Minha gargalhada não quer dizer nada, juro. Pode continuar.

Ana e André eram expectadores atentos. Olhavam todos os gestos e movimentos de seus entrevistados, torcendo por um final feliz.
Então Rafa olhou pra Ana, que aguardava a resposta e disse:
- Aninha, eu estou namorando a Lú. Agora se ela está me namorando você tem que perguntar a ela.

Ana e Lucila riram alto, como se tivessem ouvido algo muito, muito engraçado. Mas não era isso. As duas sabiam o quanto estavam torcendo por isso. Ana nem esperou a resposta da amiga e logo emendou a segunda pergunta.
- Bom se vocês estão namorando. Eu queria fazer nossa segunda pergunta. – olhou pra André pedindo aprovação, que ele deu com uma piscadinha – Lú, você é minha madrinha número um. Ah! Você sabe disso! E por isso precisa de um bom par e sei que não é o caso do meu primo punk.

Lucila e Rafa sorriram. Sabiam onde Ana ia chegar. Ela continuou:
- Então. Pensando nisso. Rafa, você aceita ser nosso padrinho junto com a Lucila?

Rafa olhou pra Lú e deu um beijo em seu rosto. Depois respondeu:
- Se você me prometer que seu primo punk não vai me bater. Eu aceito.

Todos riram e comemoraram com brindes e abraços. Rafa pediu um vinho caríssimo pra os noivos. Lucila era só alegria.

Diante de tanta felicidade, Ana não podia nem pensar e falar o que não saía de sua cabeça: o casamento de Bruna e Juca. Rafa e Lucila namoravam e ele tinha sido um completo cafajeste se agarrando com uma prima do noivo. Foi a gota d’água pra Lucila que acabou o namoro ali mesmo. Ana estava muito insegura com essa decisão de convidar Rafa para padrinho. Sabia que tinha que apoiar sua melhor amiga, mas tinha muito medo de que aquela cena pudesse se repetir. Como não conseguia esquecer esta história, deu um jeito de chamar André num canto e pediu para que André tivesse uma conversa séria com Rafa. André concordou.

Ana chamou Lucila pro banheiro e fez um sinal pro noivo. Lucila já estava meio altinha e esbarrava nas cadeiras por onde passava. A idéia de Ana era segurar a amiga no banheiro pelo maior tempo possível para que André pudesse enquadrar Rafa.

André tinha entendido o sinal da noiva e logo que as duas se afastaram se virou pra Rafa:
- E aí meu chapa? Agora é pra valer o lance com a Lucila? Cara, você sabe que eu segurei algumas armações suas no passado, mas eu queria te dizer que desta vez não vou aliviar pra você. Gosto muito de Lucila e não acho que ela mereça sofrer. E acho que você já percebeu que de novo ela ta caidinha por você, né?

Rafa estava sério. Nunca tinha pensado o quanto tinha feito mal pra Lucila. Acreditava que tinha errado, mas no fundo, achava que eram erros bobos, conseqüência da sua imaturidade na época. Agora sabia o que queria. Queria Lucila. André não parou:
- Você sabe que compromisso sério significa sair só com a sua mulher? E se você pretende ir a fundo nessa relação, vai chegar o momento da calcinha de algodão e você vai ter que encarar.

- Calcinha de algodão?

- É, brother! Lingerie de renda é só no namoro, no início. Depois que vocês ficam mais íntimos ela vai aparecer de calcinha de algodão e sutiã descombinado. E se você realmente for apaixonado por ela não só via encarar, como vai achar um tesão!


Rafa riu. Mas não gostou muito da metáfora do amigo. Aliás, ele teve medo de não ser uma metáfora. Mas fez cara de quem concorda.
- André, eu descobri que amo a Lucila!

André o interrompeu:
- Quando você percebeu isso? Não foi agora! Você sempre a amou e isso nunca te impediu de pular a cerca.

Rafa se desconsertou, mas tentou continuar:
- Eu sei! Eu sei! André, eu era um moleque. Mandei mal eu sei. Eu não vou repetir os mesmos erros. Eu quero calcinha de algodão! Pode acreditar.

Vendo que as duas voltavam do banheiro, André apenas concordou com a cabeça. Rafa estava devidamente advertido e até mesmo André acreditou que ele estivesse disposto a namorar direito com Lucila. Com um sorriso calmo que deu pra Ana, ela entendeu que tudo estava bem.

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