quinta-feira, 5 de março de 2009

CAPÍTULO 17

A preparação da festa estava a mil por hora. Marcos finalmente havia conseguido falar com o corretor e acordou que iriam fazer alguns consertos na casa, que seriam descontados do valor do aluguel. A casa mais parecia o seriado Extreme Makeover. Eram homens consertando portas, janelas, tacos soltos, torneiras quebradas, chuveiros, etc. Do lado de fora um jardineiro tentava fazer milagres no mato alto do jardim. A piscina agora limpa, estava cheia novamente, desta vez com água pura e cristalina.
Flávio havia levado todo o material para decoração e iluminação da festa e o primo de Carla, que era DJ, ficou responsável pelo som da festa.
Lucila não escapou e acabou responsável pelas compras. Jogou um charme para seu amigo da noite anterior e conseguiu companhia para o supermercado.

Compras feitas, casa arrumada e incrivelmente linda. Era hora de se arrumar. Carla e Lucila espalharam maquiagem sobre a cama, tiraram os vestidos amassados das malas e começaram o drama da escova. Nenhuma das duas precisava ter esse trabalho todo com os cabelos, mas já era quase um hábito.

Durante todo o dia Lucila não parou de pensar sobre Bruna, as ameaças de Manú e Juca. Parecia uma novela, mas era real. Várias vezes foi até a varanda com a intenção de ver Manú. Não sabia o que faria se encontrasse com ela, mas tinha certeza que com seu temperamento, não conseguiria cumprir sua promessa de não se aproximar daquela mulher. Queria ter certeza de que Manú não estava grávida. Como alguém poderia usar uma falsa gravidez para ameaçar alguém? E tudo isso por dinheiro. De repente a despertando de seus pensamentos, Carla a chamou:
- Lú. Lucila, o que você está fazendo???? Seu vestido está pegando fogo! Sua louca!!!!!

Lucila estava tão distraída que não reparou que deixou o ferro de passar sobre a barra do seu vestido. Com um berro e queimando a ponta dos dedos, tirou o ferro e puxou o vestido da tábua de passar. Era tarde demais. Um furo enorme na barra do vestido tinha acabado com seu modelito.

- Eu não acredito! Eu sou uma idiota! Olha o que eu fiz??? – um choro nervoso acabou também com sua maquiagem. Lucila gritava como uma louca: - Acabei com meu vestido!!!!! Acabei!!!! Acabou!! Vou voltar pro Rio! Não acredito! Sou uma idiota!

Carla, a segurou e com a voz firme falou:
- Chega! Acabou o show! Vai lavar este rosto e refazer esta maquiagem. Não sei o que você tem. Está no mundo da lua. Trate de voltar pra terra. Vou chamar os meninos e vamos encontrar alguma coisa pra você vestir. Fica calma!

Saindo do quarto, Carla foi atrás dos meninos. Lucila podia ouvir os gritos incrédulos. Sentia-se envergonhada por tanta falta de atenção e pelo trabalho que de novo estava dando para Flavio, Tadeu e Marcos. Mentalmente pensava no que tinha trazido na mala e nada chegava nem perto do seu lindo vestido vermelho.
Os três mosqueteiros entraram no quarto com Carla. Um por um abraçaram Lucila como se ela tivesse perdido um ente querido. Segurando sua mão com força e com um tom absurdamente dramático, Flávio falou:
- Querida, você é linda. Tudo que vestir vai ficar lindo. Não se preocupe. - Olhando pros amigos, prosseguiu: - vamos ver o que temos aqui. Carla, podemos contar com sua mala? – Carla balançou a cabeça positivamente e as duas malas foram colocadas abaixo. Um lenço vermelho apareceu. E em alguns minutos virou uma frente única que junto com uma saia jeans, completou um belo conjunto “moda praia”.

Lucila estava mais calma, feliz por estar sendo paparicada e contente com seu visual. Precisava se sentir linda, forte e desligar dos problemas. Por uns instantes sentiu-se privilegiada por estar rodeada por tão bons amigos. Sua TPM não deu trégua e Lucila chorou de novo, agora de emoção.

Marcos ria alto da amiga emotiva, enquanto ajeitava a nova frente única.
- Lucila, você é uma criança, não é? Você só não é uma Barbie porque Barbies não trabalham, não correm atrás do seu espaço, do seu dinheiro. Mas se seu pai fosse rico, meu amor....você seria uma perua de primeira.

Lucila riu e concordou com o amigo. Apesar do seu jeito mais despojado, Lucila tinha momentos “mulherzinha”. Com os anos, estes momentos dominavam mais seu dia-a-dia. Cada vez mais dava importância a cremes, roupas, perfumes, acessórios e etc. Mas não era uma consumista desenfreada, tinha os pés no chão. Sabia que tinha seu apartamento pra cuidar.

Recomposta e agora pronta para a festa, Lucila abraçou os quatro amigos, agradecendo pelo carinho e pela ajuda. Em seguida ligou pra Bruna para desejar um feliz ano novo. Era bom fingir que nada estava acontecendo e que aquele era um telefonema igual aos outros anos. As duas pensaram assim, pois nenhuma das duas fez nenhuma menção sobre s últimos acontecimentos.

Depois de fazer o mesmo telefonema para Ana, finalmente desceu para a festa. Ajudou nos últimos preparativos e contemplou a casa que parecia outra. Os pequenos consertos fizeram toda a diferença. O DJ já estava posicionado, bebidas gelando e alguns convidados começaram a chegar. Ela e Carla se sentaram perto da porta para avaliar o mercado. Tinha muita gente interessante entrando por aquela porta e as duas estavam bem animadas.

Em pouco tempo a pista de dança estava cheia. Lucila e seus amigos estavam felizes, se divertindo. Tudo estava perfeito. Havia um rapaz bastante charmoso trocando olhares com Lucila.

Apesar de ser uma festa para amigos e amigos de amigos, era impossível controlar a entrada das pessoas. Em tese, todos que estavam ali haviam contribuído para a produção da festa, mas não tinham como comprovar. Algumas pessoas do condomínio foram convidadas em cima da hora e também convidaram seus amigos. Pensando nisso Lucila sabia que poderia se deparar com Manú. Mas parecia estar enganada. Já era quase meia-noite e se ela não tinha aparecido até agora, provavelmente não iria mais.

Um coro começou a contagem regressiva, empunhando seus champanhes:
- Cinco! Quatro! Três! Dois ! Um! Feliz ano novo!!!!!!!!!!!

Brindes, estouros de rolhas, abraços, beijos. O ano novo havia chegado! Lucila abraçava desconhecidos. Tudo bem, era festa! Como ela gostava deste momento. Sempre se emocionava. Adorava a virada do ano! Entre um abraço e outro, recebeu um abraço muito forte que quase a machucou. Sem entender direito quem era, apenas retribui. O homem então, sussurrou em seu ouvido alguma coisa. Lucila soltou um sorrisinho e se arrepiou. Tentou se soltar para descobrir quem era aquele homem que contava segredinhos. Ele repetiu sem sussurrar:
- Preciso da minha mulher. E você vai me ajudar.

Lucila deu um pulo, seu coração disparou. Era Juca. Atrás dele com aquele insuportável ar de superioridade estava Manú. Sem reação, ficou olhando para os dois.

De repente foi puxada por Marcos que sem notar o que acontecia apenas a abraçou e disse:
- Linda! Ainda não falei com você. Feliz ano novo ! – Ele continuou a falar, mas Lucila não conseguia prestar atenção. Queria se desvencilhar daquele abraço, mas não sabia como.

Quando Marcos a soltou Lucila olhou em volta a procura de Juca e Manú. Não os via. Saiu andando pela casa. Foi até a varanda, olhou na cozinha. Subiu nas escadas para ter uma visão melhor. E nada. Mesmo com medo abriu a porta dos quartos e também não os achou. Esperou os banheiros ficarem livres. Eles não estavam mais lá.
Chamou Flávio e sem explicar nada foi com ele até a casa que Manú estava hospedada. A porta estava fechada e as luzes apagadas. O Cross Fox de Manú também não estava na porta.
Agora ela tinha certeza que aquilo tinha sido uma ameaça. Eles entraram na festa só pra isso. Lucila decidiu que precisava dividir isso com alguém. Ou pelo menos alguém que soubesse pelo menos parte desta história para o caso de algo lhe acontecer. Então sentou-se com Flávio na varanda e contou a história. Pra poupar o amigo, não mencionou sobre os documentos e a fraude.
Flávio ouvia a tudo atento como se assistisse a um filme. No final, comentou:
- Lucila, no final de tudo isso vocês precisam escrever um livro. Fique tranqüila. Eu sou um túmulo. E daqui pra frente, você não vai a lugar nenhum sem avisar ao titio aqui, viu?

Lucila concordou. Sabia que precisava de alguém que soubesse pelo menos parte do que estava acontecendo. Afinal, ela havia sido ameaçada. Mas tinha dúvidas se realmente Flávio seria um túmulo.

5 comentários:

  1. Best Sentence ever!
    "Você só não é uma Barbie porque Barbies não trabalham..."
    AMEI!!! Risos

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  2. Eu já estava esperando ansiosa por este capítulo... agora mais ainda pelo próximo...
    Está emocionante!

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  3. não vejo do próximo capítulo!!
    Beijinhos, Thatá

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  4. Já estou torcendo pra chegar logo o próximo capítulo...

    Beijão MH

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  5. Concordo com a Livia, amei muito a frase !!!! Vou adotar essa pra mim, posso ? ahahahaha

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