Depois de um dia inteiro de ressaca estava na hora de voltar pro Rio. Todos arrumavam as malas, fechavam janelas e portas. Tadeu acertava as contas com o corretor, negociando os descontos dos consertos feitos.
Lucila já tinha colocado suas malas no carro e esperava Carla terminar de se arrumar. Enquanto isso, pegou o celular na bolsa e olhou novamente a data e hora da ligação de Rafa. Ele não tinha ligado novamente. Lucila quase retornou umas mil vezes, mas todas as vezes se conteve. Agora estava com o dedo no “send’ quando Carla chegou com suas malas. Fechou o telefone e a ajudou a colocar no porta-malas.
Durante toda a viagem Carla não parou de falar do seu ex-futuro namorado que não ligou no dia seguinte. Carla sabia que ele não ligaria mais e que de novo tinha se iludido com mais uma falsa esperança. Já tinha passado por isso inúmeras vezes, mas sempre acreditava que desta vez seria diferente.
Lucila a consolava dizendo que se ele não ligou, não era homem pra ela e que eles mal se conheceram e todo o blá, blá, blá que qualquer mulher sabe de cor na hora de consolar uma amiga.
Apesar da segurança com que falava, Lucila também precisava de consolo. Mas não contou a ninguém sobre a ligação de Rafa. Já bastava Flávio pra se meter na sua vida. Depois de saber que Juca e Manú a ameaçaram querendo informações de Bruna, adorava elucubrar sobre o assunto e inventando possibilidades sobre o que os vilões fariam.
Depois de amargar um bom trânsito de volta de feriado, finalmente chegaram no Rio. Lucila deixou Carla em casa e depois de passar numa loja de conveniência – provedor número um de sua alimentação – foi pra casa.
Entrou com carro na garagem e quando entrou no elevador o porteiro a chamou:
- Dona Lucila, veio um amigo seu aqui atrás da senhora. Ele deixou este envelope.
Não tinha remetente. A curiosidade era enorme, mas como estava com as mãos cheias de malas, travesseiro, bolsas, etc, subiu pro seu apartamento. A secretária eletrônica tinha mensagens. Lucila não sabia o que fazia primeiro, se ouvia os recados ou abria o envelope. Geminiana que é, fez os dois ao mesmo tempo.
Seu pai, sua mãe, uma amiga de faculdade deixaram recados de feliz ano novo. Um vendedor de cartão de crédito e alguém procurando Jandira, sua faxineira, também gravaram suas mensagens.
No envelope um cartão postal com a imagem do Elevador Lacerda, em Salvador. No verso estava escrito:
Lú,
Desejo pra você mais do que um feliz ano novo, mas um ano maravilhoso. Você merece, pois é a pessoa mais especial que já conheci.
Um cheiro baiano de quem torce pra nunca mais ficar longe de você.
Beijo,
Rafa.
É! Rafa estava determinado em confundir a cabeça de Lucila. E estava conseguindo. Lucila agora não via problema em ligar pra ele. Afinal, ele já tinha ligado uma vez e era educado agradecer o postal. Antes que a consciência a impedisse, ligou.
- Alô? Lucila? – havia barulho ao redor e ele não conseguia ouvir direito.
- Oi Rafa? Você pode falar? – intimamente Lucila queria que ele não pudesse. Ela não sabia direito o que dizer. Estava nervosa e não queria que ele percebesse.
- Posso! Com você posso sempre! É que eu to no aeroporto indo pegar um táxi. Te liguei ontem, mas você não me atendeu. A viagem foi boa?
- Sim foi ótima! E Salvador?
- Ah foi legal!
Lucila sabia que desânimo que ele tentava transmitir não era verdadeiro. Rafa jamais valorizaria um programa de solteiro, já que com flores e postais tentava novamente se aproximar. Esse pensamento a irritou um pouco e quis logo terminar a ligação:
- Eu só liguei pra agradecer o postal. – como Rafa fez uma pausa, Lucila complementou: - e as flores, é claro.
- Não foi nada. Eu tive vontade e mandei. Espero que não tenha se importado.
Lucila não respondeu a pergunta. Já agoniada com o rumo da conversa e com o barulho ao redor de Rafa que a fazia gritar, deu um fim na ligação:
- Não tudo bem! Tenho outra ligação na espera. Depois nos falamos com calma e te conto sobre a Bruna, que resolveu aparecer. Um beijo.
Sem alternativa Rafa respondeu ao beijo e também desligou.
Lucila se jogou no sofá e ficou olhando pro celular. Sabia que ao falar de Bruna tinha criado um motivo para que os dois voltassem a se falar. Teve raiva de si mesma.
quarta-feira, 11 de março de 2009
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Ai, ODEIO ele!!! Claro que torço pra dar tudo certo no fim das contas, mas o Postal foi covardia!!! Que mulher não ia se derreter? Bom... esperamos os próximos cápítulos!
ResponderExcluirBeijos
Tô adorando, amiga!
ResponderExcluirTodo dia fico com "gostinho de quero mais".
ResponderExcluirTá uma delicia de ler !!!!
Dada
Continuo adorando ... Mas esse Rafa vai acabar complicando mais ainda ...
ResponderExcluirTo louca pra saber de Manu e Juca !
Beijo