quarta-feira, 11 de março de 2009

CAPÍTULO 19

Depois de um dia inteiro de ressaca estava na hora de voltar pro Rio. Todos arrumavam as malas, fechavam janelas e portas. Tadeu acertava as contas com o corretor, negociando os descontos dos consertos feitos.

Lucila já tinha colocado suas malas no carro e esperava Carla terminar de se arrumar. Enquanto isso, pegou o celular na bolsa e olhou novamente a data e hora da ligação de Rafa. Ele não tinha ligado novamente. Lucila quase retornou umas mil vezes, mas todas as vezes se conteve. Agora estava com o dedo no “send’ quando Carla chegou com suas malas. Fechou o telefone e a ajudou a colocar no porta-malas.

Durante toda a viagem Carla não parou de falar do seu ex-futuro namorado que não ligou no dia seguinte. Carla sabia que ele não ligaria mais e que de novo tinha se iludido com mais uma falsa esperança. Já tinha passado por isso inúmeras vezes, mas sempre acreditava que desta vez seria diferente.

Lucila a consolava dizendo que se ele não ligou, não era homem pra ela e que eles mal se conheceram e todo o blá, blá, blá que qualquer mulher sabe de cor na hora de consolar uma amiga.

Apesar da segurança com que falava, Lucila também precisava de consolo. Mas não contou a ninguém sobre a ligação de Rafa. Já bastava Flávio pra se meter na sua vida. Depois de saber que Juca e Manú a ameaçaram querendo informações de Bruna, adorava elucubrar sobre o assunto e inventando possibilidades sobre o que os vilões fariam.

Depois de amargar um bom trânsito de volta de feriado, finalmente chegaram no Rio. Lucila deixou Carla em casa e depois de passar numa loja de conveniência – provedor número um de sua alimentação – foi pra casa.

Entrou com carro na garagem e quando entrou no elevador o porteiro a chamou:
- Dona Lucila, veio um amigo seu aqui atrás da senhora. Ele deixou este envelope.

Não tinha remetente. A curiosidade era enorme, mas como estava com as mãos cheias de malas, travesseiro, bolsas, etc, subiu pro seu apartamento. A secretária eletrônica tinha mensagens. Lucila não sabia o que fazia primeiro, se ouvia os recados ou abria o envelope. Geminiana que é, fez os dois ao mesmo tempo.

Seu pai, sua mãe, uma amiga de faculdade deixaram recados de feliz ano novo. Um vendedor de cartão de crédito e alguém procurando Jandira, sua faxineira, também gravaram suas mensagens.

No envelope um cartão postal com a imagem do Elevador Lacerda, em Salvador. No verso estava escrito:

Lú,
Desejo pra você mais do que um feliz ano novo, mas um ano maravilhoso. Você merece, pois é a pessoa mais especial que já conheci.
Um cheiro baiano de quem torce pra nunca mais ficar longe de você.
Beijo,
Rafa.


É! Rafa estava determinado em confundir a cabeça de Lucila. E estava conseguindo. Lucila agora não via problema em ligar pra ele. Afinal, ele já tinha ligado uma vez e era educado agradecer o postal. Antes que a consciência a impedisse, ligou.

- Alô? Lucila? – havia barulho ao redor e ele não conseguia ouvir direito.

- Oi Rafa? Você pode falar? – intimamente Lucila queria que ele não pudesse. Ela não sabia direito o que dizer. Estava nervosa e não queria que ele percebesse.

- Posso! Com você posso sempre! É que eu to no aeroporto indo pegar um táxi. Te liguei ontem, mas você não me atendeu. A viagem foi boa?

- Sim foi ótima! E Salvador?

- Ah foi legal!

Lucila sabia que desânimo que ele tentava transmitir não era verdadeiro. Rafa jamais valorizaria um programa de solteiro, já que com flores e postais tentava novamente se aproximar. Esse pensamento a irritou um pouco e quis logo terminar a ligação:

- Eu só liguei pra agradecer o postal. – como Rafa fez uma pausa, Lucila complementou: - e as flores, é claro.

- Não foi nada. Eu tive vontade e mandei. Espero que não tenha se importado.

Lucila não respondeu a pergunta. Já agoniada com o rumo da conversa e com o barulho ao redor de Rafa que a fazia gritar, deu um fim na ligação:
- Não tudo bem! Tenho outra ligação na espera. Depois nos falamos com calma e te conto sobre a Bruna, que resolveu aparecer. Um beijo.
Sem alternativa Rafa respondeu ao beijo e também desligou.

Lucila se jogou no sofá e ficou olhando pro celular. Sabia que ao falar de Bruna tinha criado um motivo para que os dois voltassem a se falar. Teve raiva de si mesma.

4 comentários:

  1. Ai, ODEIO ele!!! Claro que torço pra dar tudo certo no fim das contas, mas o Postal foi covardia!!! Que mulher não ia se derreter? Bom... esperamos os próximos cápítulos!
    Beijos

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  2. Todo dia fico com "gostinho de quero mais".
    Tá uma delicia de ler !!!!

    Dada

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  3. Continuo adorando ... Mas esse Rafa vai acabar complicando mais ainda ...

    To louca pra saber de Manu e Juca !

    Beijo

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