segunda-feira, 8 de junho de 2009

CAPÍTULO 43

Estava quase tudo acertado com a Polícia Especial de Miami. Faltava apenas um retorno sobre os filhos de Consuelo. O advogado não tinha muitas esperanças sobre isso. Sabia que os EUA não poderiam abrir um precedente como este.

Consuelo estava assustada. Acompanhada por Juca se sentia um pouco mais segura, mas sabia que ele não poderia ficar todo o tempo ao seu lado e isso a deixava apavorada. Sabia de histórias de outros latinos com a polícia e o desfecho nem sempre era bom. Mesmo assim, sabia que precisava arriscar. Por Bruna e por ela mesma.

Juca pediu para que se acalmasse e contasse tudo como tinha feito pra ele, sem medo que tudo daria certo. Consuelo entrou acompanhada de seu advogado de Bruna, que agora também era seu advogado.

Juca ficou aguardando do lado de fora. Sabia que todos os depoimentos já haviam sido colhidos, inclusive o de Bruna, que agora apenas aguardava sua extradição para o Brasil, que seria no dia seguinte. Assim, ela seria julgada em seu país, pelas leis brasileiras. Juca tinha marcado sua passagem para o dia seguinte. Depois do depoimento de Consuelo e sua legalização, não teria mais no que ser útil. Além disso, precisava voltar para a JAEH. Desde que Manú se demitira não tinha ninguém a quem pudesse confiar sua empresa.

O depoimento durou pouco mais de uma hora. Primeiro saiu o advogado. Ele fazia um sinal de positivo. Logo depois Consuelo. Logo que viu Juca, correu em sua direção:
- Seu Juca! Seu Juca! Eles vão me dar o Green Card! E meus filhos poderão vir daqui há dois anos! O senhor acredita?

A alegria de Consuelo era enorme. Juca não entendia como podia ser bom ter que esperar dois longos anos para ter seus filhos. Mas para uma mulher que não sabia se os veria novamente, realmente isso era uma grande vitória.

Juca e o advogado foram buscar as últimas informações sobre o caso com o agente brasileiro. Ele informou que se o crime de assassinato se comprovasse dificilmente Marcelo conseguiria ser safar. Sobre a extradição, talvez acontecesse por Marcelo estar respondendo a outro crime no Brasil, era a fraude da JAEH.

O advogado ainda explicou mais alguns trâmites. Depois de ficar a par de tudo, Juca fez um último pedido. Queria ver Bruna antes de partir para o Brasil. Sabia que lá seria mais difícil para ele estar com ela. O agente da PF mais uma vez deixou claro que não entendia e muito menos concordava com todo o cuidado que Juca tinha com ela, mas deu um jeitinho brasileiro e conseguiu a visita.

Bruna estava de pé olhando para a pequena janela. Não havia vista, apenas um pedacinho de céu, que Bruna agora admirava. Desde que capturaram Marcelo ela só recebia visita de seu advogado e apesar da curiosidade, se continha em perguntar sobre Juca. Como já haviam se passado alguns dias, Bruna imaginava que Juca já tivesse retornado ao Brasil. Sua surpresa foi enorme quando ouviu sua voz:
- Bruna?

- Juca? Nossa que bom te ver! Achei... achei que você já tinha voltado pro Brasil.


O guarda abriu a porta da cela e Juca entrou. Bruna que desde seu confronto com Marcelo rezava por essa visita, não se conteve e o abraçou. Juca ficou desconfortável. Ele queria corresponder, mas não podia. Se manteve duro, braços arriados ao lado do corpo. Bruna percebeu que não foi correspondida e disse:
- Desculpe. Me desculpe, eu não devia. Mas desde que eu vi o Marcelo. Aquele cachorro! Eu me sinto completamente sozinha e só você, só você que...

Bruna parou de falar. Se sentou na beira da cama e apoiou a cabeça com as mãos por um tempo e repetiu:
- Juca, me desculpe. Eu só tenho que te agradecer por tudo que tem feito por mim, mesmo eu não merecendo. Obrigada.

No seu íntimo Juca concordou. Mas se sentia frágil diante de Bruna. Pensou em falar alguma coisa, mas Bruna foi mais rápida. Ela contou sobre o rápido encontro com Marcelo, que agora não estava mais naquela delegacia. Contou sobre o que pensou, o que sentia e reforçou:
- Eu quero te ajudar. Vamos colocar ele atrás das grades. Eu vou te ajudar a recuperar tudo. Eu prometo.

Definitivamente Bruna voltava a ser a mulher por quem Juca havia se apaixonado. Decidida, forte, mas com uma aparência frágil, feminina, linda. Pensava que nada do que Bruna queria ajudá-lo a recuperar era realmente importante. O maior bem que ele tinha perdido estava ali na sua frente.

Interrompidos pelo guarda que avisou que o tempo de visita havia acabado, Juca se apressou em contar que também voltaria para o Brasil no dia seguinte e que provavelmente os dois só se veriam sob juízo. Bruna concordou. O advogado já a havia informado de como seria sua volta.

Os dois se despediram de longe e Juca saiu da visão de Bruna.

Bruna chorou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário