quinta-feira, 21 de maio de 2009

CAPÍTULO 36

Conforme prometeu, Juca contratou um advogado para cuidar do caso de Bruna. Enquanto isso, a polícia especial de Miami e o agente da PF brasileiro procuravam Marcelo Zacaro.

Seguindo a dica dada por Bruna, o próprio Juca acompanhou o agente até a marina onde o iate de Marcelo estaria. Logo que chegaram lá descobriram que Marcelo tinha zarpado há alguns dias.

Os trâmites para organizar uma busca no Brasil são inúmeros e nem sempre se consegue o que se quer. Isso não acontecia em Miami. Foi só informar o acontecido que a guarda costeira de Miami foi acionada.

Bruna ainda estava sob custódia da polícia. Apesar de tecnicamente ser uma cela, não se parecia com uma. Pelo menos não na visão de uma brasileira. Era arejada, tinha cama confortável com lençóis limpos. Uma mesa com um abajur para leitura e um banheiro quase privativo. Bruna lia um livro que Juca havia lhe dado. Ela passava o tempo todo lendo ou dormindo. Mal comia o que lhe ofereciam. Esperava o tempo passar como se não tivesse pressa. Juca sempre que podia ia até lá. Às vezes junto com o advogado, outras não. Era o melhor momento do dia de Bruna ... e de Juca.


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Lucila acordou antes de Rafa e entrou no chuveiro com a cabeça à mil. Sabia que tinha se rendido cedo demais aos encantos de Rafa. Lembrava-se de Bardot, que por causa de caprichos como este, ficou vinte anos longe do seu grande amor. Isso a deixava confiante de ter feito a coisa certa. Mas quando pensava em Ana e no que ela diria se soubesse de toda história, se arrependia.

Antes de acabar seu banho, foi surpreendida por Rafa que entrou no chuveiro para lhe dar “bom dia”. Lucila mais uma vez deixou de lado os pensamentos e de novo mergulhou na paixão que não a deixava raciocinar.
Os dois se arrumaram e Rafa a deixou no escritório. Lucila falava pouco, sentia uma espécie de culpa. Enquanto Rafa agia naturalmente, como se nada tivesse acontecido.

Ao chegar no escritório Lucila foi interceptada por sua chefe Bardot. Ela falava sem parar sobre seus planos para os pontos finais do projeto da joalheria que as duas tocavam juntas. Lucila não conseguia prestar atenção. Só reparava na vitalidade da chefe e se forçava a acreditar que era obra da felicidade de Bardot junto ao seu amor Luis Antônio.

- Lucila??? Alou??? – Bardot percebendo que a funcionária estava longe, chamou atenção de Lucila.

Lucila sem graça, não disfarçou:
- Desculpa Bardot. Estava te olhando. Você está tão cheia de energia, tão “pra cima”.

Antes de chegar onde queria, Lucila foi interrompida por Bardot que disse:
- Em momentos de pesadelo emocional, só o trabalho me salva.

Lucila não esperava esta resposta. Ao contrário, esperava ter uma motivação, um embasamento para continuar acreditando em Rafa. Precisava de uma força, um exemplo que assegurasse de que ela não estava errada.

Nesse momento a energia de Bardot desapareceu. Ela se sentou no canto da mesa e falou baixo para Lucila:
- Acabou, Lucila. Eu e Luiz. Acabou. Mas desta vez não vou me arrepender por não ter tentado, não é? Eu tentei, acreditei que ele tinha mudado, tinha amadurecido. Mas me enganei.

Lucila quase chorou. Vendo seu desespero, Bardot se apressou em dizer:
- Lucila! Calma! Cada caso é um caso. Não é uma regra. Você não pode se basear no fracasso da minha relação. Viva a sua vida.

Lucila sorriu, mas não foi o suficiente para se sentir confortada. Precisava de mais. Precisava de certezas que não tinha. Bardot pensando em desviar o assunto falou:
- Vamos trabalhar? Pegue suas plantas e vamos, ok?

Mesmo meio perdida em seus pensamentos, Lucila tentou se concentrar e acompanhou Bardot. Os clientes já a aguardavam na sala de reunião e estavam ansiosos pelas criações de Bardot.

A reunião foi um sucesso, apesar as total dispersão de Lucila. Os clientes ficaram satisfeitos e um novo projeto foi encomendado. Era um pedido especial do dono da joalheria: a sua casa da serra. Bardot não pegava mais este tipo de projeto, mas era sem dúvida um caso especial. Lucila ficaria responsável pelo projeto junto com o engenheiro que construiu a casa. Logo depois da reunião já marcaram de irem juntos ver o imóvel.

Lucila estava agradecida por ficar uns dias fora neste projeto. E Bardot sabia disso. De alguma maneira ela se sentia responsável por encorajar Lucila na relação com o ex namorado, e percebia que as coisas não iam tão bem.

Logo que voltou pra sua mesa, Rafa ligou. Lucila foi seca, estava estranha. Sabia que em algum momento teria que confrontar Rafa a respeito da cena do anel, que ele fingia não ter existido. Falaram rapidamente e Lucila contou que passaria dois dias fora e que hoje não o poderia vê-lo, pois teria que providenciar as coisas para a viagem.
Rafa sabia que era uma desculpa, mas também conhecia muito bem Lucila e sua esperança é que com o tempo ela voltasse ao normal.

Ao final do dia, Lucila passou na farmácia e comprou algumas coisas que precisaria para sua viagem. A casa do dono da joalheria ficava em Araras, na serra do Rio. Pelo que tinha combinado com Carlos Eduardo, o engenheiro, eles ficariam uns dois dias pelo menos e se hospedariam em uma pousada próxima à casa.

Depois de duas horas tentando fazer uma mala pelo menos razoável. Lucila desmaiou de cansaço. Estava exausta emocionalmente.

Conforme combinado, no dia seguinte às 8h da manhã o tal Carlos Eduardo estava em sua portaria. Lucila desceu e se apresentaram. Carlos Eduardo não era feio, mas estava longe de ser bonito. Com certeza era solteiro, pois sua camisa xadrez nada tinha a ver com sua calça meio cargo, de uma cor indefinida, provavelmente desbotada pelo tempo. Os cabelos meio compridos e totalmente desalinhados ainda reforçavam ainda mais sua imagem “casual”, quase “hippie”

A viagem era curta, cerca de uma hora e meia, mas parecia uma eternidade. Carlos Eduardo era uma das pessoas mais chatas que Lucila já havia conhecido. Queria ser engraçado, simpático em excesso. Aquela hora da manhã falava sem parar, enquanto Lucila só queria sossego.

Lucila só pensava que teria que agüentar aquela mala ainda mais dois dias. Ele e suas piadas e trocadilhos infames. Mas tudo bem, ela precisava ficar longe de Rafa. Mesmo que ele não saísse da sua cabeça.

2 comentários:

  1. Poxaaaaa, o Carlos Eduardo podia pelo menos ser uma companhia agradável! Não maltrata nossa protagonista assim!!! risos...

    Beijoooo

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  2. Mala, trocadilhos infames.... sei.... risos...

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