quarta-feira, 29 de abril de 2009

LUCILA33 NA OI FM

Garotas,

além do incrível carinho que recebo de vocês, hoje tive uma surpresa especial. Joana Ceccato e Renata Simões, apresentadoras do programa De Carona da rádio OI FM de SP (que sou super fã), deram uma incrível força pra nossa novela on line. Ouçam o comentário das garotas que prometem virar leitoras do LUCILA 33.

Beijos, Babi


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terça-feira, 28 de abril de 2009

CAPÍTULO 30

Bruna e Marcelo saíram do cinema e foram jantar. Quem os olhava jamais pensaria que aquele casal era uma dupla de refugiados. A barriga de Bruna ainda reforçava o ar de família feliz. Os dois riam, eram carinhosos um com o outro. Apesar do jeito calado de Marcelo, ele a encantava. Sua sobriedade era um charme pra ela, era um toque de mistério na sua personalidade.

Depois do jantar, voltaram pra casa. Assim que entraram, Consuelo correu em direção à porta e entregou pra Marcelo o bilhete, em seguida falou:
- Dr. Marcelo eles vieram aqui, mas eu não os deixei entrar não, viu? Avisei que os senhores não estavam e ele pediram pra entregar esse bilhete.

Marcelo abriu o papel:


Marcelo,
Precisamos conversar. O círculo está fechando. Estamos no Royal Palm Hotel. Procure-nos com urgência.
Abraços,
Antônio e Joana


Depois que leu o guardou no bolso. Bruna perguntou:
- De quem é? O que é?

Ele fez um carinho na sua cabeça e respondeu com voz calma:
- Não se preocupe minha querida. São negócios.

Bruna não gostou da resposta, mas como tudo de estranho na sua vida atual, resolveu ignorar e se concentrar apenas nas coisas boas. Consuelo a olhava desconfiada, com cara de quem não entendia porque a patroa não insistia em saber o que era o tal papel.

Marcelo subiu as escadas e Bruna ficou olhando pra Consuelo, até que disse ríspida em resposta ao olhar desafiador da emprega:
- O que foi? Está precisando de mais alguma coisa? Olha, já jantamos. Quando terminar tudo pode se recolher.

Consuelo fez cara de quem não gostou. Pediu licença e foi pra cozinha. Pensava consigo mesma que por mais boazinhas que as patroas fossem na hora do aperto elas sempre descontavam nos empregados. Riu debochado como alguém que já está mais do que acostumada a ser tratada daquela forma.

Em seu escritório, Marcelo ligava para o Royal Palm Hotel. Marcou um encontro com os ex-funcionários da JAEH para o dia seguinte. Percebeu que eles estavam aflitos com o fato de que a Polícia Federal já ter os identificado como os cúmplices de Marcelo e Waldemar. Marcelo não sabia dos avanços da investigação e ficou furioso com a notícia.

Minutos depois, Bruna também subiu e o procurou no escritório:
- Oi amor, você não vem se deitar?

Marcelo estava sério, sentado em sua cadeira perdido em seus pensamentos e não gostou de ter sido interrompido. Em um lapso de raiva respondeu com grosseria:
- Você não pode se deitar sozinha um só dia?

Bruna se assustou com a reação do seu amor. Sua cara deve ter transparecido isso, pois imediatamente Marcelo tentou consertar:
- Desculpa meu amor. Estou nervoso. Já estou indo, tá bem?

Bruna assentiu com a cabeça e foi para o quarto. Dormiu antes que Marcelo aparecesse.

No dia seguinte quando acordou, Marcelo já havia saído da cama. Interfonou para cozinha e perguntou a Consuelo sobre Marcelo, que respondeu:
- Dona Bruna ele já saiu há um tempão. Tava com uma cara! Perguntei se ele queria tomar café e ele nem respondeu.

Bruna não sabia o que estava acontecendo. Mas sabia que não era algo bom que Marcelo não queria contar. Entendia que ele quisesse a poupar, afinal estava grávida.

Enquanto isso Marcelo se encontrava com Antônio e Joana. Ele não queria ser visto junto dos dois então os buscou no hotel e foram para um bistrô discreto. Chegando lá Antônio logo começou a desabafar:
- Marcelo, eles estão na nossa cola! Estão interrogando minha família, meus amigos. É uma questão de tempo para nos acharem. O que vamos fazer?

Marcelo irritado respondeu:
- Pra começar você poderia virar homem, né? Você achou o quê? Que a polícia não iria descobrir sobre vocês? E pelo jeito vocês querem mesmo se entregar. Como chegaram a Miami? Não me digam que usar seus nomes e passaportes verdadeiros?

Joana, bem mais durona do que Antônio, não deixou barato:
- Sinto muito se não somos delinqüentes como você e não temos documentos falsos, nomes falsos e tudo mais. Desculpe pela nossa ineficácia em ser falsários. Mas respondendo sua pergunta, viemos até o México de avião e até aqui de carro com um esquema para imigrantes, nem carimbaram nosso passaporte. Ninguém sabe que estamos nos EUA.

Marcelo ficou ainda mais irritado. Antônio estava apavorado e Joana estava firme e assim continuou:
- Temos um problema e como você mesmo nos garantiu, viemos aqui para que você possa resolver. Não é possível que nesta gama toda de corrupção você não conheça ninguém que possa molhar a mão pra nos livrar dessa.

Marcelo riu alto. Apesar do deboche, não sabia o que responder. Não tinha esses contatos, seu pai que tinha e agora não podia procurá-lo, certamente todas as ligações estariam grampeadas. Então pensou rápido. Precisava tirar eles de Miami.
- Vamos nos acalmar. Quando disse que vocês podiam confiar em mim, é porque podem. Temos algumas providências imediatas a tomar. Primeiro, não quero saber de ninguém aparecendo na minha casa, telefonando pra lá. Nada! Minha esposa não tem nada a ver com isso e ela está grávida. Entendido? Segundo, vocês fizeram check in nesse hotel, certo? Não vão voltar lá. Irão daqui direto pra outro estado, qualquer que seja, mais o mais longe daqui. – Tirando um bolo de dólares do bolso, entregou a Joana – isso aqui vai garantir uma viagem e uma estadia confortável a vocês até que baixe a poeira.

Joana pegou o dinheiro e colocou na bolsa. A idéia de continuar a viagem com Antônio não era das melhores. Ela não o agüentava mais vê-lo reclamar de tudo. Mas não tinha saída, também não queria ficar sozinha nesta situação. Pensava em seu marido e filhos e principalmente no que eles pensavam sobre ela. Antes que pudesse se emocionar com seu pensamentos, perguntou a Marcelo:
- E como você nos achará? Como saberemos que podemos sair da toca?

Marcelo anotou um endereço, uma caixa postal e entregou pra eles:
- Vocês vão escrever o contato de vocês e enviar para este endereço. Sem assinar, sem bilhetinhos, apenas o endereço e telefone que vocês irão estar.

Antônio ainda balbuciou algumas palavras sobre o pavor e arrependimento que sentia. Marcelo tentou tranqüilizá-lo afirmando que a PF não tem provas concretas contra eles e que quando tudo isso passasse eles seriam ricos e felizes.

Se despediram secamente. Marcelo voltou para o carro deixando os dois a procura de um transporte que os levasse para um lugar longe dali. Sabiam que não podiam levantar suspeitas, preencher fichas ou mostrar o passaporte. Os dois não tinham intimidade com esse tipo de transação. Ia ser uma tarefa difícil pra eles e Joana sabia que dependia dela conseguir o carro sem suspeitas.

Marcelo não voltou pra casa para o almoço e pela primeira vez não avisou Bruna. Ela ficou preocupadat, mas achou melhor não telefonar. Almoçou na cozinha na companhia de Consuelo, que atenta percebia o clima estranho do casal.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

CAPÍTULO 29

Era inegável! Suas melhores transas tinham sido com Rafa. Não pela performance em si, mas pelo sabor do inesperado. Rafa era ótimo em surpresas. Quando se menos esperava, lá estava ele cheio de vontade. E nos lugares mais improváveis. Lucila tinha apagado isso da sua cabeça. Mas depois da sua visita ao escritório de Rafa, era impossível esquecer. Ela adorava isso nele. Esse eterno tesão, parecia um adolescente.

Claro que nem sempre foi assim. Havia períodos enquanto namoravam que ele se distanciava. Era um indício de que havia algo acontecendo. Era como se o tratamento que Rafa dispensava a Lucila passasse de namorado apaixonado a irmão dedicado. O carinho continuava, mas de uma forma diferente. A relação se tornava quase fraternal.

Agora Lucila não pensava no passado. Ou pelo menos tentava não pensar. Focava no que ele tinha de melhor. E realmente tudo estava indo muito bem. Ele realmente estava mudado e parecia disposto a fazê-la feliz.

Faltavam apenas alguns dias pro casamento de Ana e André quando eles convidaram Lucila e Rafa para jantar. Rafa se dava muito bem com André, o que deixava as meninas muito felizes. Sempre sonharam em terem pares que fossem amigos. E a última tentativa de Lucila, quando ela ficou com Rodolfo, um amigo de André, não tinha dado nada certo. Mas agora tudo ia bem. Tão bem que no meio do jantar Ana fez uma pausa na conversa batendo o talher no copo e pediu a atenção formal do casal:
- Eu tenho duas perguntas pra vocês. Na verdade, nós temos. Não é amor? – André balançou a cabeça dizendo que sim - A segunda pergunta é condicionada a resposta da primeira.

Lucila riu com a enrolação de Ana. E interrompeu:
- Anda Ana, pergunta logo! O que você quer saber?

Ana riu também e levantou as mãos pedindo calma:
- Bom o que eu quero saber. Aliás, nós queremos saber, é... – olhou pra Rafa e perguntou – Vocês estão namorando de novo?

Lucila tremeu. Não consegui disfarçar. Não sabia o que fazer. Então riu. E foi muito pior, pois saiu uma gargalhada debochada de bruxa louca que chamou atenção de todo o restaurante. Quando notou o efeito da sua reação, enrubesceu e se calou. Então Rafa disse olhando para Lucila:
- Bom eu tinha a resposta na ponta da língua, mas não sei muito bem o que a Lú pensa. Depois dessa gargalhada, estou com medo de levar um fora. – o tom era de brincadeira, mas também tinha o objetivo de entender se ele podia ou não prosseguir na sua resposta.

Lucila sorriu. Aliviada, sentiu que suas bochechas esfriavam. Então se virou pra Rafa e disse:
- Minha gargalhada não quer dizer nada, juro. Pode continuar.

Ana e André eram expectadores atentos. Olhavam todos os gestos e movimentos de seus entrevistados, torcendo por um final feliz.
Então Rafa olhou pra Ana, que aguardava a resposta e disse:
- Aninha, eu estou namorando a Lú. Agora se ela está me namorando você tem que perguntar a ela.

Ana e Lucila riram alto, como se tivessem ouvido algo muito, muito engraçado. Mas não era isso. As duas sabiam o quanto estavam torcendo por isso. Ana nem esperou a resposta da amiga e logo emendou a segunda pergunta.
- Bom se vocês estão namorando. Eu queria fazer nossa segunda pergunta. – olhou pra André pedindo aprovação, que ele deu com uma piscadinha – Lú, você é minha madrinha número um. Ah! Você sabe disso! E por isso precisa de um bom par e sei que não é o caso do meu primo punk.

Lucila e Rafa sorriram. Sabiam onde Ana ia chegar. Ela continuou:
- Então. Pensando nisso. Rafa, você aceita ser nosso padrinho junto com a Lucila?

Rafa olhou pra Lú e deu um beijo em seu rosto. Depois respondeu:
- Se você me prometer que seu primo punk não vai me bater. Eu aceito.

Todos riram e comemoraram com brindes e abraços. Rafa pediu um vinho caríssimo pra os noivos. Lucila era só alegria.

Diante de tanta felicidade, Ana não podia nem pensar e falar o que não saía de sua cabeça: o casamento de Bruna e Juca. Rafa e Lucila namoravam e ele tinha sido um completo cafajeste se agarrando com uma prima do noivo. Foi a gota d’água pra Lucila que acabou o namoro ali mesmo. Ana estava muito insegura com essa decisão de convidar Rafa para padrinho. Sabia que tinha que apoiar sua melhor amiga, mas tinha muito medo de que aquela cena pudesse se repetir. Como não conseguia esquecer esta história, deu um jeito de chamar André num canto e pediu para que André tivesse uma conversa séria com Rafa. André concordou.

Ana chamou Lucila pro banheiro e fez um sinal pro noivo. Lucila já estava meio altinha e esbarrava nas cadeiras por onde passava. A idéia de Ana era segurar a amiga no banheiro pelo maior tempo possível para que André pudesse enquadrar Rafa.

André tinha entendido o sinal da noiva e logo que as duas se afastaram se virou pra Rafa:
- E aí meu chapa? Agora é pra valer o lance com a Lucila? Cara, você sabe que eu segurei algumas armações suas no passado, mas eu queria te dizer que desta vez não vou aliviar pra você. Gosto muito de Lucila e não acho que ela mereça sofrer. E acho que você já percebeu que de novo ela ta caidinha por você, né?

Rafa estava sério. Nunca tinha pensado o quanto tinha feito mal pra Lucila. Acreditava que tinha errado, mas no fundo, achava que eram erros bobos, conseqüência da sua imaturidade na época. Agora sabia o que queria. Queria Lucila. André não parou:
- Você sabe que compromisso sério significa sair só com a sua mulher? E se você pretende ir a fundo nessa relação, vai chegar o momento da calcinha de algodão e você vai ter que encarar.

- Calcinha de algodão?

- É, brother! Lingerie de renda é só no namoro, no início. Depois que vocês ficam mais íntimos ela vai aparecer de calcinha de algodão e sutiã descombinado. E se você realmente for apaixonado por ela não só via encarar, como vai achar um tesão!


Rafa riu. Mas não gostou muito da metáfora do amigo. Aliás, ele teve medo de não ser uma metáfora. Mas fez cara de quem concorda.
- André, eu descobri que amo a Lucila!

André o interrompeu:
- Quando você percebeu isso? Não foi agora! Você sempre a amou e isso nunca te impediu de pular a cerca.

Rafa se desconsertou, mas tentou continuar:
- Eu sei! Eu sei! André, eu era um moleque. Mandei mal eu sei. Eu não vou repetir os mesmos erros. Eu quero calcinha de algodão! Pode acreditar.

Vendo que as duas voltavam do banheiro, André apenas concordou com a cabeça. Rafa estava devidamente advertido e até mesmo André acreditou que ele estivesse disposto a namorar direito com Lucila. Com um sorriso calmo que deu pra Ana, ela entendeu que tudo estava bem.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

CAPÍTULO 28

Lucila havia aceitado depor no processo contra Marcelo e Waldemar Zacaro. Ela iria contar para a polícia como aconteceram os fatos com Bruna, mostrar o bilhete, a gravação na secretária eletrônica e até a caixa com os documentos da investigação. Juca acreditava que isso poderia ajudar a comprovar a intenção de fuga.

Apesar de saber que estava fazendo o certo, a idéia de acusar sua melhor ou ex melhor amiga de cúmplice a deixava arrasada. Entendia que isso é necessário. Mas no fundo acreditava que Bruna estava iludida por Marcelo, cega de paixão. O que Lucila não entendia é porque surgiu esta brecha na vida de Bruna a ponto dela se apaixonar por Marcelo tendo um casamento tão feliz com Juca. Ou não seria tão feliz assim?

No dia do depoimento Lucila ligou para Juca para tirar suas últimas dúvidas. Ele sugeriu que os dois almoçassem juntos. Lucila adorou. Era um sinal de que os ressentimentos haviam realmente sumido.

Foram se encontrar em um restaurante próximo ao escritório de Lucila. Juca parecia melhor do que no dia que eles se encontraram na JAEH. Mas ainda estava bem abatido, magro e o cabelo precisava de cuidados. Ele todo precisava de cuidados. Ou melhor: de alguém para cuidar dele.

Os dois se abraçaram. Juca ainda estava visivelmente muito sensível. Lucila perguntou:
- Como você está?

Ele sorriu forçado e respondeu:
- Estou caminhando. Às vezes acho que não vou conseguir, principalmente agora sem ajuda da Manú.

Lucila arregalou os olhou. E ele continuou:
- Ela pediu pra sair da JAEH.
Lucila tinha entendido tudo. Não sabia como. Mas tinha certeza de que o que veio na sua cabeça era a verdade. Então arriscou:
- Ela é apaixonada por você, não é?

Juca se espantou. Sabia do sexto sentido feminino, mas não acreditava que fosse tão eficaz. Ou será que era tão óbvio que todos percebiam, menos ele?

Com um sorriso de sabichona, Lucila continuou:
- Quando estivemos na JAEH eu percebi uma tristeza diferente nos olhos dela. No momento achava que era pela traição de Marcelo. Mas fiquei com isso na cabeça e não estava totalmente convencida dessa teoria. Quando você disse que ela se demitiu, só podia ser por amor. Ela vivia pela empresa. Era completamente dedicada ao trabalho. Não largaria a JAEH se não fosse por algo que não tem como controlar.

Ainda espantado, mas com uma fisionomia bem mais relaxada, falou:
- É! A cabeça feminina realmente é o maior mistério da humanidade. – riu de leve e continuou – Eu jamais imaginei que Manú tivesse qualquer interesse em mim. Em algumas épocas, Bruna até tinha um pouco de ciúmes dela, mas eu achava que era somente pela proximidade necessária que tínhamos por causa dos negócios. Manú era meu braço direito e esquerdo.

Lucila concordou com a cabeça. Pensava que o coitado além de ter perdido seu patrimônio, sua esposa, agora também perdia uma importante funcionária.

Enquanto almoçaram, Juca tirou as dúvidas de Lucila e explicou que a investigação ia além da localização de Marcelo. A polícia também precisava localizar os cúmplices de Marcelo que eram o contador Dr. Antonio Carlos e a advogada Dra. Joana, que também haviam sumido depois que a bomba estourou. Os interrogatórios ao Waldemar Zacaro não levaram a polícia a nenhuma pista. E agora, ele aguardava julgamento em liberdade.

Lucila contou pra Juca que na época que ela e Rafa ainda acreditavam na inocência de Bruna, eles investigaram pra tentar descobrir o que havia motivado o sumiço dela. Explicou que eles acreditavam que a pessoa que supostamente havia enviado os documentos sobre a fraude, poderia estar envolvida. Lucila então contou que ela e Rafa já sabiam que o Dr. Antonio Carlos e Dra Joana eram as únicas pessoas, além de Juca e Manú, responsáveis pelos contratos com o governo. E que eles tinham conseguido essas informações através de um amigo de Rafa, que trabalha na JAEH.

Depois do almoço, Lucila foi até a Polícia Federal. Já tinha pedido dispensa pra Bardot, sua chefe, explicando a situação confusa que tinha se metido.

Tudo correu bem por lá. Ela até que ficou calma em seu depoimento. O que não era muito usual, pois Lucila morria medo de polícia. Mesmo sem ter absolutamente nada a dever, ela tremia toda vez que era parada numa blitz. Mas felizmente sua fobia não a atacou. Ela contou tudo, mostrou os bilhetes e a gravação. Logo depois foi liberada.

Como foi muito mais rápido do que imaginava e tinha sido liberada do trabalho a tarde toda, resolveu não desperdiçar sua tarde de folga e decidiu fazer uma surpresa para Rafa. Comprou pãezinhos de queijo e café e foi até o escritório dele o convidar para um coffe break.

Há anos não entrava naquele escritório. Muita coisa tinha mudado. Estava mais bonito, reformado e agora ocupava mais salas. Rafa tinha se dado muito bem em sua carreira. Colecionava bons clientes, que só se multiplicavam. O escritório foi fruto do rompimento de quatro advogados, entre eles, Rafa, com um famoso escritório de advocacia. Os quatro começaram com apenas um cliente que foi tão bem sucedido que virou vitrine para a conquista de novos clientes. E pelo que Lucila avaliava, desde a separação deles, os negócios prosperaram.

Lucila chegou na recepção e apesar de perceber que tinha sido reconhecida pela recepcionista, fingiu não ser quem ela pensava que ela era – “a Lucila corna” – pensou.
A recepcionista fez uma ligação e imediatamente a levou por um corredor. No caminho Lucila esbarrou com um dos sócios de Rafa. Era Gabriel. Lucila nunca morreu de amores por ele. Era um daqueles caras que faz piada de loira pra loira. Que se acha o mais machão do mundo e que adora dar a entender que tem um pinto enorme.
Mesmo tentando fingir que não o viu, ele veio falar com ela. Parou na sua frente e fez cara de “eu te conheço”. Lucila o ajudou e disse:
- Olá Gabriel. Quanto tempo, né? Eu vim dar um oi pro Rafael.

O rapaz fez cara de que tinha a reconhecido. E disparou um abraço exagerado e gritou:
- Lucilda!!!! Nossa!!!!!!!! Faz muito tempo mesmo, hein? Quer dizer que você tá de novo nadando nessas águas!!!! Ah grande Rafa!!! Garoto esperto! Não podia deixar você escapar mesmo!

Lucila pensou em corrigir seu nome, mas se isso significava ficar mais alguns minutos com aquele traste, era melhor desistir. Ela continuou andando e acenou pra ele encerrando a conversa. Quando já estava quase na sala da Rafa ainda ouviu:
- Lucilda! Grande Lucilda! AHHAHA

Respirou fundo. Ela nunca entendeu como Rafa agüentava aquela mala sem alça. Sua raiva se dissipou quando viu Rafa a esperando na porta de sua sala. Ele se virou pra recepcionista e com seu sorriso insuportavelmente lindo, disse:
- Obrigada por trazê-la. Por favor, avise que não quero ser incomodado, ok?

A recepcionista se virou e Rafa puxou Lucila com força pra dentro da sua sala. Olhou os pacotes do lanche que ela trazia, trancou a porta da sala e disse:
- Pena que vamos comer isso tudo frio.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

CAPÍTULO 27

Apesar da praia e do sol, ali não era seu lugar, sua terra. A praia era outra, o clima não era o mesmo e as pessoas eram bem diferentes. Apesar de o inglês ser a língua oficial, ela ouvia vários idiomas diferentes, como o espanhol e até o português.

Sentada em um banco, saboreava um tradicional hot dog enquanto apreciava as gaivotas que traçavam rasantes no mar. Sua vida agora era bem mais calma e muito mais luxuosa do que a de antes. Era bem mais do que ela precisava, agora era suntuosa demais: carros importados, uma mansão em frente à praia, tinham jóias, obras de arte. Não queria isso tudo. Mas se sentia feliz por ter tido coragem de seguir seu coração. E era isso que importava.

Bruna acariciava sua barriga como se já acariciasse seu filho. Tinha orgulho dele, mas temia pela infância que ele teria, tão diferente da sua. Em outro país, longe da família. Ela pensava se um dia poderia levar seu filho para conhecer uma praia bem mais bonita do que a de Miami: Ipanema. Praia onde passou sua vida inteira, comendo biscoito Globo e tomando Mate Leão de galão.

O vento começou a soprar mais forte, então resolveu voltar pra casa. Logo Marcelo iria pra casa e os dois haviam combinado um cinema. Pensando nisso, Bruna esqueceu-se do medo sobre o futuro. Marcelo era tudo que ela queria. E apesar da situação diferente em que se encontravam, Bruna acreditava que ele havia se arrependido e que com o rompimento com seu pai, Waldemar Zacaro, ele não teria recaídas.

Bruna não questionava as atitudes de Marcelo e a contradição que existia entre o arrependimento e o luxo. Estava cega de amor e só via coisas boas a sua frente.

Ela entrou no seu Lexus onde o motorista a esperava na Ocean Drive. Seguiram para um dos gigantescos condomínios na Collins Avenue. Era uma mansão de cinema. Colunas gregas na entrada, jardim, piscina. Com 11 quartos, Bruna não dava conta de percorrer toda a casa. Para cuidar deste palácio, contava com um exército de empregados, todos latinos, que na realidade eram sua maior companhia. Cada um tinha uma história mais fantástica que a outra. Tinha mais afinidade com Consuelo, uma cubana que fez a travessia dentro de um galão de gasolina e agora tentava a vida em Miami.

Bruna e Consuelo estavam se tornando muito próximas. Consuelo vibrava com a gravidez da patroa, talvez por lembra - lá de seus dois filhos, que deixou pra trás. As duas tinham a mesma idade, apesar de terem tido vidas muito diferentes. Mas também tinham em comum o fato de terem abandonado uma vida para começar outra.

Marcelo ainda não tinha chegado. Ele agora cuidava de seus novos negócios em Miami. Junto com um sócio mexicano, investia no mercado de turismo. Bruna entendia que ele precisava se ocupar. Um homem que passou anos comandando o conselho de uma grande empresa não podia simplesmente calçar chinelos e se aposentar.

Enquanto coordenava com Consuelo o cardápio da semana, ele chegou. Como sempre, muito carinhoso com Bruna. Pediu uns minutos para se arrumar e logo partiriam para o cinema. Diante da cena, Consuelo comentou no seu melhor portunhol:
- Dona Bruna, a senhora tirou a sorte grande, viu? Homem como Dr. Marcelo está pra nascer. Se a senhora conhecesse meu falecido. Ahh! Aquele traste! De bom mesmo só me deu o Juan e Carmem.

Bruna sorriu. Acreditava que Consuelo estava certa. Era muito feliz. E se o preço para essa felicidade fosse abrir mão do passado, tudo bem.

Marcelo voltou de roupa trocada. Os dois se beijaram novamente e saíram no Cayenne, o carro preferido de Marcelo.

Enquanto estavam fora bateu na porta um casal procurando por Marcelo. Ela era bem mais velha do que ele, o que deixava dúvidas se realmente eram um casal. Consuelo informou que os dois não estavam e seguindo orientações do patrão, não os deixou entrar. O casal deixou um bilhete com Consuelo pedindo para que ela entregasse para Marcelo assim que ele voltasse.

Apesar de ser uma empregada exemplar, a curiosidade de Consuelo era seu ponto fraco. Não resistiu e leu o bilhete, com dificuldade em entender o português só compreendeu que se tratava de algo importante. O bilhete escrito pelo homem dizia:

Marcelo,
Precisamos conversar. O círculo está fechando. Estamos no Royal Palm Hotel. Procure-nos com urgência.
Abraços,
Antônio e Joana

terça-feira, 14 de abril de 2009

CAPÍTULO 26

Lú,

Fui em casa ver como está tudo. Mas volto para tomar café com você.
Beijo na boca!
Rafa

PS: me liga quando acordar.


Nem o temporal que caía lá fora, nem a lâmpada queimada do banheiro, ou – OPS! - a tábua levantada da privada. Nada iria tirar o bom humor de Lucila. Com os cabelos desgrenhados e o rosto ainda amassado, ela se achava a mulher mais poderosa da face da terra. Linda! Gostosa! Incrível!

Depois de lavar o rosto, ensaiou em voz alta um “bom dia” e ligou pra Rafa. O celular estava fora de área. Continuou a se arrumar para seu café da manhã romântico. Vestiu uma camiseta sexy, mas descontraída e prendeu o cabelo. Colocou a mesa com pratos e xícaras do mesmo jogo, que há anos não usava. Ligou novamente, mas inda estava fora da área de cobertura.

O telefone tocou e ela atendeu com a sua melhor voz. Mas era Ana, querendo falar que havia se dado conta de que seu casamento estava chegando:
- Ai Lucila! Eu fiquei meses preparando tudo e agora ta tão perto! To tão nervosa!

Lucila riu e pensou em como ficará no seu dia de noiva. Também ficaria nervosa, apesar de preferir um casamento fora do tradicional, sem tanta pompa como o de Ana. Para tranqüilizar a amiga e voltar logo para seus preparativos, disse:
- Amiga, vai ser tudo ótimo! Não tem mais com o se preocupar! Agora deixa eu desligar que preciso fazer umas coisas, tá?

Ana desligou um pouco contrariada. Sabia que estava sendo trocada por Rafa. Lucila ligou para casa de Rafa. Apesar de tanto tempo de separação, ela ainda sabia todos seus telefones de cabeça. Ninguém atendeu. Continuou se arrumando e ajeitando a casa e de dois em dois minutos repetia a ligação pra casa dele. Não queria ligar de novo para o celular e parecer afobada demais quando ele visse os avisos de ligação.

Depois de uma hora tentando, Lucila estava em pânico. Já tinha perdido a vergonha e agora ligava insistentemente para o celular, sempre desligado. O passado veio pra assombrá-la. Estava tudo ali de volta. Os sumiços começaram. Em seguida seriam as mentiras, as histórias inventadas e de novo tudo ia por água abaixo. Lucila sabia muito bem como era tudo isso e a sensação de ser enganada era algo que não pretendia sentir novamente.

Num surto de raiva, Lucila jogou no chão toda a louça da mesa posta para o café. Depois ficou parada olhando a besteira que havia feito e começou a odiar a si própria por acreditar de novo em Rafa e ainda ter que limpar todos aqueles cacos. Ela gritava e as lágrimas escorriam. Quando de repente olhou pra trás e viu Rafa parado na porta, com a chave em uma das mãos e na outra um embrulho de pão. Ele a olhou assustado e perguntou:
- Lú o que houve? Você se machucou?

Ele abaixou e a ajudou a pegar os cacos. Olhava desconfiado e Lucila então respondeu:
- Imagina que eu passei aqui e sem querer a toalha veio. Acho que esbarrei. Que susto que tomei. Fiquei tão nervosa de ter quebrado tudo. Desculpa, me descontrolei.

Mas aliviado, Rafa a beijou na testa e a acalmou:
- Deixa que eu arrumo isso. Eu trouxe pão quentinho e advinha? Mortadela! Você ainda adora mortadela? Ah. Você me empresta seu carregador? Meu celular está sem bateria.

Lucila estava nervosa, mas de vergonha. Como pode pensar todos aqueles absurdos. Rafa estava ali de volta e era dela, todo dela. Ele realmente tinha mudado.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

CAPÍTULO 25

Saindo da JAEH, Ana convidou Lucila e Rafa pra irem tomar um chope junto com André, seu noivo. Os dois aceitaram e Lucila vibrou com o encontro de casais. Ela era de novo uma mulher acompanhada, que podia aceitar um convite de um casal de amigos sem nenhum constrangimento.

Ana então ligou pra André e marcaram de se encontrar em um boteco no Leblon. Chegaram quase na mesma hora que André. Lucila desfilava feliz da vida de mãos dadas com Rafa. Diferente de outras vezes, mal reparava na enorme quantidade de casais felizes que no passado cismavam em afrontá-la. Agora ela era um casal feliz e desafiava com ar superior as mesas repletas de mulheres solteiras.

Pra confirmar o eterno camaradismo masculino, André e Rafa se abraçaram como velhos amigos. Batidas fortes nas costas, aperto de mão e todos os gestos de celebração masculina foram cumpridos. Lucila sorria vendo a cena. Ana a observava com cautela. Temia pela amiga, mas na verdade acreditava na mudança de Rafa.

Os quatro se sentaram e pediram as bebidas. Rafa comandava os pedidos com a gentileza de sempre perguntar o que Lucila queria. Entre uma conversa e outra, um beijo, um carinho. Era um lindo casal apaixonado.

A noite passou em perfeita harmonia. Lucila havia se esquecido que Ana e André eram uma excelente companhia. Em sua vida de solteira, os programas raramente eram os mesmos e ela e Ana ficavam muito tempo sem se ver. Encontrar o casal então, só era possível nas raras ocasiões que Lucila tinha um pretendente. André já estava acostumado a ser apresentado aos “amigos” de Lucila que depois desapareciam.

Depois de uma noitada gostosa. Pagaram a conta e se despediram. Lucila e Rafa voltaram para a casa de Lucila, onde com certeza, o romance continuaria.



Logo depois que Lucila, Ana e Rafa saíram da JAEH, Manú voltou pra sala de Juca. Ela estava calada, quieta, bem diferente do comportamento habitual.
Apesar de estar exausto, Juca reparou que a assistente estava estranha e perguntou:
- Manú, o que você tem?

Manú olhou pra Juca e por um tempo parecia pensar em sua resposta. Toda energia que ela sempre tinha, agora se perdia em um semblante de extrema angústia.

Juca a observava curioso. Nunca tinha a visto daquele jeito. Pode perceber que por baixo de toda aquela roupa exageradamente sexy e da maquiagem pesada, havia uma mulher de traços até elegantes. Ele pensou o quanto ela perdia em se comportar de maneira tão agressiva e se perguntava por que em todos estes anos nunca percebeu que tinha muito mais do que uma funcionária eficiente e de sua confiança. Ele tinha uma amiga sincera e companheira que foi a grande responsável por lhe alertar sobre a grande bomba que estava prestes a estourar em sua vida amorosa e profissional. Juca sorriu para Manú e notando sua angústia, insistiu:
- O que houve Manú? Pode falar. O que está te angustiando?

Manú sorriu amarelo e se sentou em frente ao chefe. Olhou de novo pra ele e pareceu que procurava palavras. Então com a voz baixa e calma, que não fazia parte do seu temperamento, falou:
- Eu quero muito te ajudar a reconstruir a JAEH, Juca. Uma das coisas que mais quero é ver todos os envolvidos nessa sujeira presos e nossa empresa de pé novamente. Mas eu não posso. Eu não consigo mais.

Juca procurou entender, mas nada que passava na sua cabeça era uma justificativa aceitável. Manú percebeu que ele não tinha a entendido, então com um tom bem mais próximo do seu normal disse:
- Juca eu sou apaixonada por você.

Juca se encostou na cadeira. Assustado, sem saber o que dizer. Chegou abrir a boca, mas nenhuma frase lhe veio.
Manú se levantou. Sentia vergonha. Queria sumir. Nem ela acreditava que tinha feito isso. Mas não tinha força pra desmentir, pra voltar atrás. Se afastando da mesa, andou em direção a porta. Antes de sair ainda disse:
- Você não precisa dizer nada. Eu sei que não sou correspondida. Por anos eu consegui conviver com isso. Mas agora não consigo mais. Me desculpe.

Manú saiu da sala e Juca ficou paralisado olhando para a porta. Seu amor por Bruna o tinha cegado para qualquer pista que Manú lhe desse sobre seus sentimentos. E agora não havia mais Bruna, mas ele também não tinha mais um coração. Não queria saber de amor. Estava sofrendo de amor. E descobriu que não era o único.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

CAPÍTULO 24

Os dois passaram a tarde na cama. Já eram quase sete da noite e eles precisavam sair pra ir até a JAEH conversar com Juca. Então, Rafa se levantou:
- Lú, porque você não vai tomando banho enquanto eu arrumo alguma coisa pra gente comer? Posso invadir sua cozinha?

Com um sorriso permanente no rosto, Lucila respondeu:
- Claro. Mas a cozinha continua daquele jeito. Cheia! Cheia de espaço vazio.

Os dois riram como se fosse a piada mais engraçada do mundo. Mais um beijo e Rafa foi pra cozinha. Ele andava pela casa enrolado em um lençol. Lucila o espiava e pensava como ele combinava com seu lençol, com sua casa, com ela.

Como se adivinhasse que Lucila estaria perdida em seus pensamentos, Rafa gritou da cozinha:
- Lú, vai pro banho! Olha a hora, meu amor!

Lucila riu e pensou – Claro, meu amor.

Quarenta minutos depois, Ana ligou dizendo que já estava no caminho. Pediu pra encontrá-los na portaria. Não queria subir sozinha.
Logo depois, Rafa e Lucila chegaram de mãos dadas. Ana riu dos dois. Lucila deu uma piscadinha pra amiga que não tinha nada a fazer além se conformar com aquele novo velho casal. Os três subiram para a sala de Juca.

Logo no hall se depararam com Manú, que furiosa foi em direção a Lucila:
- O que você está fazendo aqui?

Rafa a segurou e pediu calma:
- Manú, Lucila e Ana são tão vítimas como você. Bruna as enganou também. Por isso viemos aqui falar com vocês. Juca está na sala?

Meio contrariada, Manú respondeu que sim. E indicou a porta para Rafa, que foi o primeiro a entrar. A cena era deprimente. Milhões de papéis espalhados pela mesa, pelo chão. Juca sentando olhando fixamente para a janela. Vestido com roupas surradas, barba por fazer, cabelos em desalinho. Em nada se parecia com o vigoroso empresário que conheciam. Estava tão longe em seus pensamentos e nem ouviu Rafa entrar.

- Juca? Podemos entrar? – Perguntou Rafa com certo receio.

Juca sacudiu a cabeça, dizendo que sim. Se levantou com dificuldade e foi até Rafa:
- Entra aí. Desculpa a bagunça da sala, aliás da minha vida.

Lucila e Ana entraram na sala logo depois. As duas estavam nitidamente nervosas. Manú entrou marchando atrás delas e com um tom de ironia falou:
- As visitas querem um café? Uma água?

As duas recusaram. Juca olhava pra Lucila sem entender a presença dela. Rafa precisou explicar:
- Juca, Lucila e Ana também foram enganadas por Bruna. Por isso elas vieram aqui comigo. Precisamos contar pra vocês tudo o que aconteceu. Não queremos deixar nenhum mal entendido, ok?

Juca fez sinal para que os visitantes se sentassem, depois falou:
- Lucila. Acho que não preciso explicar pra você o quanto é difícil pra mim te receber aqui, não é? Nunca vou me esquecer daquele dia, que encorajada por você, Bruna veio aqui me acusar de crimes que não cometi.

Lucila se arrependeu de não ter aceitado uma água. Sua garganta estava seca e suas mãos trêmulas. Rafa pegou sua mão e pediu para Juca ouvisse o que Lucila tinha pra contar. Ela respirou fundo e relatou tudo, desde o dia que Bruna a pediu que a encontrasse até os relatórios que havia recebido e as cartas. Ana também contou sobre a ida à casa de Marcelo e a foto riscada que Bruna mostrou. Rafa entregou a ele o relatório e as cartas. Juca olhou tudo, incrédulo. Manú não conseguiu se segurar e arrancou a carta das mãos de Juca e depois de uma gargalhada debochada falou:
- Por amor pode tudo, né? Ah Juca essa sua mulherzinha, me desculpe, mas é uma biscate! Se é verdade o que esses aí estão dizendo, ela é muito pior do que eu imaginava!

No meio da emoção Manú contou que enquanto namorava Marcelo, desconfiou que ele e o pai tramavam algo na JAEH. Começou a juntar provas e contou tudo ao Juca. A partir daí, Juca e Manú já tinham indícios suficientes para que a PF começasse uma investigação. Nesse meio tempo, o namoro de Manú e Marcelo não tinha como continuar e eles pararam de se falar.

O relato de Manú era emocionante e cheio de novidades. Aos olhos de Lucila, Manú deixava de ser vilã pra ser a verdadeira heroína da história. Com isso, um certo desconforto pairava no ar, mas Rafa conseguiu amenizar a situação. Com calma pegou um copo de água pra Manú e usou sua lábia para concluir aquele difícil encontro:
- Juca e Manú, não adianta mais julgarmos a Bruna. Nenhum de nós concorda com o que ela fez. Ela envolveu Lucila, envolveu a Ana. Mentiu e agora está esperando um filho de um foragido da Polícia Federal. Só viemos aqui para nos colocarmos à disposição para o que vocês precisarem e para explicar que também fomos enganados.

Lucila se orgulhou dele e teve força enfrentar Manú:
- Queria me desculpar com você Manú. Em Angra acho que fomos meio ríspidas uma com a outra.

Manú consentiu com um gesto e pela primeira vez pareceu se desarmar.
Todos se levantaram e Juca abraçou Lucila e Ana e prendeu o choro. Lucila também teve vontade de chorar. Antes de saírem da sala, Juca falou para os três:
- Eu tenho certeza que vou reerguer minha empresa e minha reputação. Mas não sei se vou conseguir superar a traição de Bruna. Ainda dói muito.

Os três sentiram a dor de Juca. Era um homem apaixonado com seu coração destruído. Foram saindo da sala, Manú foi levá-los até o elevador. Por uns instantes ela e Lucila se olharam. Neste momento Lucila achava entender tudo o que se passava na cabeça dela. Ela também havia sido traída. Marcelo era seu namorado. Diante disso, Lucila sorriu para Manú. Ela retribuiu.