quinta-feira, 28 de maio de 2009

CAPÍTULO 38

Depois de uma exaustiva viagem ouvindo Carlos Eduardo tagarelar pela estrada, eles finalmente chegaram em Araras. Antes passaram na pousada para deixar as malas e depois seguiram para a obra.

A casa era realmente magnífica. Lucila tinha que reconhecer que o que aquele engenheiro tinha de chato, tinha também de talentoso. Era impossível não se empolgar em trabalhar num projeto como aquele.

Carlos Eduardo ou Cadu – como pediu pra ser chamado - mostrou todo o imóvel e fez suas considerações a respeito de cada ambiente. Lucila se surpreendeu com sua competência, ele realmente sabia o que estava falando e tinha idéias incríveis. Valeria a pena agüentar aquele hippie chato, se fosse pra fazer um bom trabalho.

Os dois discutiram idéias, fizeram anotações, tiraram fotos. A hora passou e nenhum dos dois percebeu. Então, foram almoçar em um restaurante bem charmoso próximo a casa.

Se não fosse pelo senso de humor duvidoso, Cadu seria uma boa companhia. Mas sua mania insuportável de fazer piada com absolutamente tudo, irritava Lucila. Eram trocadilhos sem graça, piadas batidas. Só ele mesmo achava graça. No início, Lucila pra ser simpática, ainda sorria. Com o passar do tempo, preferia fingir não ter ouvido. Mas isso não inibia Cadu, que inventava logo uma nova piada.

Enquanto almoçavam, o celular de Lucila tocou. Era Rafa. Ela não atendeu. Não queria falar com ele naquele momento. Logo depois foi o telefone de Cadu que tocou. Ele atendeu:
- Oie minha bijujujuca!!!!!!!!!

"Bijujujuca”???? - Lucila prendeu o riso e fingiu não prestar atenção na conversa em tom infantil que seu colega tinha ao telefone. Lucila pensava quem poderia ser essa “bijujujuca” que agüentava essa voz irritante e ainda encarava esse modelito descombinado de Cadú? Ele desligou e falou:
- Desculpa, não podia deixar de atender.

Lucila falou que tudo bem e voltou ao assunto do projeto. Como se a ignorasse, Cadu, voltou no assunto anterior. Ele queria falar sobre sua bijujujuca. Era importante pra ele. Interrompendo Lucila, disse:
- Desculpa te interromper, mas custo a voltar ao meu normal quando falo com essa mulher. A mulher da minha vida. Você entende?

Lucila arregalou os olhos e balançou a cabeça concordando, apesar de que não tinha a menor idéia do que Cadú estivesse falando. Ele continuou:
- Eu falo com ela e perco o foco. Me desculpe. Ahh... quem manda ter uma namorada tão especial, não é? Você tem namorado?

Lucila sem graça, não esperava ter que dividir detalhes da sua vida particular com aquele chato. Respondeu secamente:
- Tenho. Mas voltando ao projeto, Cadu. Eu pensei em esquadrias de alumínio. O que você acha?

Cadu demorou um tempo para voltar ao normal. Como ele mesmo havia dito, falar com sua namorada parecia mesmo o tirar do sério.

O almoço acabou e os dois pediram a conta. Voltariam para a casa para fechar mais alguns detalhes. Tinham pouco tempo pra decidir tudo.


Enquanto isso, Rafa estacionava seu carro em frente a um prédio na Barra da Tijuca. Não precisou se anunciar, o porteiro parecia o conhecer. Ele subiu e abriu a porta com sua própria chave. Não havia ninguém em casa, então apenas colocou o anel sobre a mesa. Pensou em aproveitar para deixar também as chaves, mas desistiu.

No caminho de volta para o escritório, tentou mais uma vez ligar para Lucila, que de novo não atendeu. Deixou um recado simpático, apesar de já estar de saco cheio daquela situação. Sabia que tinha que agüentar. Por sorte Lucila nem se lembraria do anel. Estava bêbada, talvez as lembranças estivessem confusas. Rafa torcia para isso. Não saberia explicar como o anel de Silvia estava na sua casa.

Silvia era mais velha que Rafa. A relação dos dois sempre foi tranqüila, nenhum dos dois esperava mais do que o outro poderia dar. Porém, um pouco depois de Rafa reencontrar Lucila, Silvia contou que havia se separado. A partir daí a relação dos dois mudou. Silvia não queria apenas exclusividade, queria começar uma nova vida com Rafa. Ela o culpava pelo fim do seu casamento, se dizia apaixonada e que não podia mais manter a relação com seu marido. Rafa pulou fora. Não era mais do jeito que ele queria. Ainda mais quando começou a namorar Lucila, queria fazer tudo direito. Lucila merecia isso.

Porém, Silvia parecia uma pedra no sapato de Rafa. Quase arruinou tudo quando o fez perder a hora justo no dia do casamento de Ana. Rafa acreditava que não tinha culpa, foi vítima da situação.

Ele já havia rompido com Silvia. Pelo menos na cabeça dele, o fato de não atender mais as ligações de Silvia, deixava claro que ele não queria mais nada com ela. No dia do casamento de Ana e André, era quase hora do almoço e Rafa desceu pra comprar alguma coisa pra comer. Quando voltou encontrou Silvia no corredor do prédio. Ela chorava, gritava. Estava totalmente descontrolada. Rafa, desesperado a colocou para dentro. Foi buscar um pouco d’água e quando voltou Silvia estava só de calcinha deitada no seu sofá.
Como Silvia estava com objetivo claro de ter Rafa de volta, a "brincadeira" foi até tarde. Rafa só se deu conta da hora quando Lucila telefonou várias vezes. Nas primeiras vezes, ele não pôde atender, mas depois percebeu a fria que havia se metido. Correu para se arrumar, pedindo que Silvia fosse embora. Ela se negava. Depois de muito tempo e de uma certa agressividade, Rafa conseguiu sair vestindo seu fraque e levando Silvia pra fora do apartamento.

No caminho para a igreja Rafa até se arrependeu. Mas sabia que não podia se cobrar tanto. Pois ele não teve culpa. Foi obrigado a ceder aos seus desejos animais de macho reprodutor, nada além disso.

Já de volta ao escritório, Rafa tentou mais uma vez falar com Lucila. Desta vez, ela atendeu:
- Oi Rafa.

- Oie meu amor. Estou louco de saudades. Quando você volta?

- Acho que até amanhã conseguiremos terminar tudo.

- Conseguiremos?

- Sim. Estou eu e o Cadú.

- Cadú?

-É! O engenheiro do cliente. Gente boa ele.

- Ah.. gente boa? Que bom, que bom.

- Bom, estamos indo tomar um banho pra jantar. Amanhã te ligo.

- Tá bem, meu amor. Te adoro, viu?


Lucila desligou. Ainda não conseguia fazer declarações de amor. Entrou no chuveiro e resolveu arrumar mentalmente tudo que precisava pensar. Lembrava do anel. Lembrava do atraso de Rafa e a sua justificativa de ter trabalhado no sábado. Então decidiu que desta vez iria pôr tudo em pratos limpos. Precisava saber se Rafa estava ou não falando a verdade.
Logo que saiu do banho, pegou o celular e ligou para o escritório de Rafa. Falseando a voz pediu para falar com Gabriel, o sócio de Rafa que ela odiava especialmente por ele só a chamar de Lucilda. Gabriel atendeu:
- Eu!

- Oi Gabriel, é Lucila. Tudo bem?

- Lucilda!!!!!!!!!! Olá gatona! Tudo bem? Quer falar com o varão do seu namorado?

- Não! Não precisa. Na verdade quero uma ajuda. Eu emprestei meu carro pro Rafa ir pro escritório no sábado. Ele tá todo arranhado. Não queria preocupar Rafa com isso, então pensei em ligar pro estacionamento e resolver. Eles devem ter registro dos carros, não é?

- Sábado? Ahh... bom, Lucilda eu não tenho não. Mas vou te passar pra minha “secretina” e ela te arruma isso aí, tá bem?

Lucila esperou até que a secretária arrumasse o telefone. Ficou olhando pro papel. Sabia que se Rafa tivesse mentido, ela teria que tomar uma atitude. Ligou pro estacionamento e deu os dados do carro de Rafa. Não havia registro do carro no sábado. Lucila se apegou na idéia de que Rafa poderia ter ido sem o carro. Sabia que isso era praticamente impossível, mas precisava ter essa esperança. Perguntaria pra ele assim que voltasse.

4 comentários:

  1. aiaaiaia.... quem procura, acha! Deixa de lado, não futuca... fica quieta!

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  2. Ai que raiva desse homem !

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  3. Por que Lucila não falou logo quando começou a ter dúvidas ? Fica sofrendo, fazendo filmes ... Incomodou tem que falar ! Nada de esperar. Vai ficar mais difícil ... a Silvia pode voltar !!!!!!!

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  4. Bijujuca????? Piada sem-graça????? Hahahahaha, eu tô rindo muito.... Rafa não me interessa mais! Quero saber é do jantar com o Cadu...

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